Milho – Mercado Externo
As referências internacionais do milho encerraram a última semana em tendência negativa. Na Bolsa de Chicago (CBOT), em 7 de novembro, o contrato para dezembro registrou retração de 0,97% frente ao período anterior, cotado a US$ 4,27 por bushel. O vencimento de março acompanhou o movimento, desvalorizando 0,45%, para US$ 4,42 por bushel.

A pressão baixista foi intensificada pelo clima seco no Meio-Oeste norte-americano, que tem favorecido o avanço da colheita recorde e ampliado a disponibilidade global do cereal. Paralelamente, produtores dos Estados Unidos estariam aproveitando o recente fôlego das cotações para comercializar parte do milho novo. As condições satisfatórias da safra 2025/26 na Argentina, com aproximadamente 36% da área já plantada, também reforçaram o viés de queda.
O mercado aguarda, agora, a divulgação do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), previsto para esta semana, mesmo diante do cenário de paralisação do governo. Os agentes buscam confirmar possíveis revisões na produtividade, apontada até o momento como inferior às estimativas anteriores.
As exportações norte-americanas permanecem aquecidas. Segundo o USDA, até 30 de outubro, os embarques somaram 1,668 milhão de toneladas na semana, avanço de 34,3% em relação ao intervalo antecedente e mais que o dobro (+108,5%) de igual período de 2024. No acumulado do ano comercial, as remessas alcançam 12,256 milhões de toneladas, expressivo aumento de 64% em comparação ao ano passado. O resultado reforça a demanda externa consistente e consolida um ambiente favorável às vendas externas do milho.
Milho – Mercado Interno
O ambiente doméstico acompanhou a sinalização externa e manteve trajetória baixista durante a semana. Na B3, o contrato de novembro recuou 0,41%, finalizando a R$ 67,72 por saca, enquanto o vencimento de janeiro cedeu 0,46%, para R$ 71,11 por saca.

No mercado físico, entretanto, o comportamento foi distinto do observado nas bolsas. Apenas o Rio Grande do Sul apresentou retração, enquanto Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso exibiram estabilidade. O Indicador Esalq/B3 (Campinas/SP) encerrou a sexta-feira a R$ 67,08 por saca, avanço de 1,41% na comparação semanal. Apreciações também foram registradas em São Paulo (+5,06%; R$ 62,33/saca), Goiás (+0,81%; R$ 54,82/saca) e Paraná (+0,07%; R$ 53,70/saca).


O ritmo de negócios permaneceu lento, refletindo um ambiente de elevada cautela. Produtores seguem retraídos, ofertando volumes mais modestos ao mercado. O foco ainda está concentrado no andamento do plantio e no desenvolvimento das lavouras. Do lado da demanda, compradores buscam apenas lotes específicos, destinados ao atendimento de necessidades imediatas, evitando assumir posições mais agressivas.
A queda do dólar ao longo da semana reduziu a competitividade das exportações brasileiras. Ainda assim, os embarques continuam firmes, sustentando os preços principalmente no Centro-Oeste, região onde a menor presença de indústrias de proteína animal e etanol torna o escoamento mais dependente dos portos do Arco Norte.
A reativação das exportações de carne de frango para a China, fator que deve intensificar a procura pelo milho destinado à ração, também contribui para a sustentação das cotações. Paralelamente, as margens favoráveis das usinas de etanol reforçam a demanda interna pelo cereal.

No comércio exterior, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, em outubro (22 dias úteis), o Brasil exportou 6,5 milhões de toneladas de milho, incremento de 1,5% frente ao mesmo mês de 2024 (6,4 milhões de toneladas). O preço médio da tonelada atingiu US$ 209,85, resultado 5,4% superior ao registrado um ano antes (US$ 199,10).

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 2 de novembro, cerca de 42,8% da área destinada ao milho havia sido semeada. Em Minas Gerais e Goiás, o avanço é mais lento, sobretudo em áreas irrigadas, devido à concorrência direta com o plantio da soja. No Rio Grande do Sul, a chegada de uma frente fria trouxe chuvas importantes, recuperando a umidade do solo, elemento decisivo para áreas que já ingressam em fase reprodutiva.
No Paraná, o plantio se aproxima da conclusão e a maior parte das lavouras apresenta desenvolvimento satisfatório. Os impactos das chuvas intensas do fim de semana ainda estão sendo monitorados. Em Santa Catarina, a predominância de áreas em estágio vegetativo mantém o cenário favorável, embora episódios recentes de temperaturas mais baixas tenham reduzido temporariamente o ritmo de crescimento das plantas.
