Fertilizantes: Mudança na dinâmica de transporte de fertilizantes pode melhorar a distribuição global

Europa volta atrás com sansões no transporte de fertilizante da Rússia e EUA anuncia novos investimentos. No Brasil o preço da ureia sofre redução

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 03/10/2022 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de Mercado

INTERNACIONAL – A União Europeia comunicou, no dia 30 de setembro, que permite o transporte de fertilizantes minerais da Rússia para os países terceiros. Com isso, pretende minimizar os efeitos das sanções anteriores, sob a produção de alimentos nos países, que caíram substancialmente, com o acesso aos insumos minerais caros. Além disso, pretende dar acesso aos fertilizantes, também aos seus países, combatendo a insegurança alimentar e energética, através da compra desses países em desenvolvimento. Para o Fertilizer Daily, jornal especializado em comércio de fertilizantes, a União Europeia dá um passo para combater os custos elevados dos produtos e à escassez.

Devido à crise energética enfrentada pela Europa, várias plantas de produção de fertilizantes, anunciaram a parada na fabricação, ampliando a necessidade dos países na importação dos mesmos insumos. Como complemento da medida anunciada anteriormente, a UE estuda remover impostos sobre a importação de nitrogenados do Golfo Árabe, Nigéria, EUA, Sudeste Asiático, Irã e Rússia.

A decisão veio em hora certa, pois na Alemanha, a queda de produção pode chegar em 40%, com a falta de fertilizantes nitrogenados e gás natural no mercado. O país já está, inclusive, revendo suas diretrizes em relação à produção alimentar.

Reiterando a decisão da UE, o Secretário Geral das Nações Unidas, António Manuel Oliveira Guterres, afirmou que é necessário remover todos os impedimentos da exportação de fertilizantes da Rússia, incluindo a amônia. Com isso, a autoridade reforça a necessidade de transporte desses produtos para evitar uma crise alimentar mundial.

Do outro lado do Atlântico, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, anunciou que investirá 500 milhões de dólares para fomentar a produção nacional de fertilizantes. O investimento aplicado em projetos de longo prazo, em propostas que iniciarem até 2023. O Programa de Expansão de Produção de Fertilizantes (tradução livre) busca empresas que estejam com plantas em construção ou expansão, que precisem de aplicação financeira para aceleração da conclusão das obras.

Uma das apostas do governo é a empresa Michigan Potash & Salt Company, que começará a construção de uma nova fábrica, que promete, em três anos, produzir a mesma quantidade de potássio que é importado da Rússia hoje, pelos EUA. Com essa atitude do governo norte-americano, espera-se que o país se torne menos dependente da importação de fertilizantes e mais autônomo na produção de alimentos.

BRASIL – Observou-se que, por mais uma semana, houve queda do valor de ureia CFR, que ficou em US$ 663,00/t (contra US$ 697,00/t), uma relação de -1,5%. A cotação dos fertilizantes nitrogenados no Porto de Paranaguá apresentou queda, também, no valor do sulfato de amônio, em 1,6%, que ficou em US$ 296,00 por tonelada.

Os valores foram regulados pela redução da demanda do fertilizante nitrogenado e pela redução dos preços ofertados. A relação de troca para o milho, que está acima da média histórica, desencorajou a compra do nutriente, já que o produto será usado apenas no ano que vem.  A oferta sofreu alteração, pelo acúmulo de estoques em países produtores que foram sancionados, a exemplo da Rússia e Belarus. Segundo a Agência StoneX, houve relatos de ureia russa, venezuelana e iraniana sendo ofertados abaixo do padrão observado nas últimas semanas, com valores reduzidos em US$ 50,00, reduzindo o valor das cotações internacionais.

O valor que teve acréscimo, foi o de nitrato de amônio, de US$ 439,00/t para US$ 441,00/t dentro de uma semana.

Referente ao line-up de importação de fertilizantes, teremos a chegada de 4,190 milhões de toneladas de fertilizante nos portos brasileiros. Desse total, 928 mil toneladas serão de ureia e 908 mil toneladas de NPK. Os maiores volumes permanecem chegando através do Porto de Santos e Paranaguá, de origens como China, EUA, Rússia, Canadá, Omã e outros.

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