Fertilizantes: maiores estoques de ureia continuam pressionando as cotações no Brasil

Além disso, queda generalizada no fertilizante nitrogenado ao redor do mundo, acabou gerando pressão adicional aos índices na última semana

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 22/08/2022 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de Mercado

A cotação da ureia seguiu o seu viés de baixa na última semana, assim como os índices dos demais fertilizantes nitrogenados, mediante o baixo interesse na demanda de importantes players consumidores, como Brasil, Europa e sudeste asiático, que continuam se mostrando distantes do mercado. Por outro lado, as esperanças estiveram voltadas a um novo leilão indiano, que deve ampliar a compra do nutriente para as próximas semanas, já que este evento está programado para o começo de setembro.

De acordo com informações locais do país, a expectativa é de que a Índia anuncie um leilão para a compra de pelo menos 1 milhão de toneladas, o que promoveria um melhor direcionamento de preços para o mercado. A região registrou alguns leilões menores ao longo da semana, como no Sri Lanka e Myanmar, mas a demanda continua menos ativa do que o comum para esse período do ano, indicando uma possível destruição de demanda decorrente das cotações mais elevadas. 

Por outro lado, novamente o aumento dos custos do gás natural na Europa conseguiu em partes mitigar as perdas no preço da ureia. Assim, somando esses fatores com a esperada retomada da demanda, é possível que os preços encontrem suporte.

Na China, o ritmo de exportações segue limitado, mas os preços domésticos dos nitrogenados conseguiram expressar algum aumento nos últimos dias perante a alta nos custos com carvão e o início da temporada de compra. Sendo assim, o indicador de FOB ureia no país ficou em torno de US$ 520/tonelada. Com as ondas de calor e a seca no país, o governo chinês tem imposto paralisação parcial de algumas indústrias para a economia de energia, incluindo fábricas de ureia. Logo, caso a situação persista, é possível que parte da produção doméstica seja afetada pelas restrições. Além disso, os investidores avaliam que a China é uma forte uma fonte alternativa de nitrogenados para a Europa, mas poucos negócios têm sido registrados entre as regiões.

Já nos EUA, com a demanda por ureia menos ativa, os preços se mantiveram em desvalorização, tendo em vista que os agricultores estão distanciados do mercado, seguindo focados em seus cuidados nas lavouras. Segundo análise da StoneX, os agentes ainda buscam entender como as novas altas no gás natural devem afetar as cotações do nutriente, mas o sentimento baixista continua no mercado. Ademais, a melhora nos preços de bens agrícolas, como o milho, leva alguns agentes a crer que a demanda do país se mantenha para o próximo ciclo. Assim, o indicador FOB NOLA da semana para a ureia recuou US$7, ficando em US$ 617/tonelada.

Por fim, no Brasil, o preço da ureia segue sendo pressionado pela menor demanda dos compradores, que observando o cenário externo, tem mantido pouca atividade no mercado, apenas esperando que os preços possam recuar ainda mais para fazerem novas aquisições. O mercado acredita que esse movimento poderá ser revertido a partir de outubro, com a aproximação da safra de verão no país. Dessa forma o indicador de preços CFR Brasil para a ureia ficou em US$592/tonelada, uma queda de 52 dólares em relação a semana anterior. 

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