Após um período de forte preocupação com o preço do gás natural na Europa, que subiu potencialmente nas últimas semanas, alavancando a demanda e as cotações da ureia, o mercado demonstrou desaceleração no ritmo das exportações de nitrogenados na semana passada. Mas ainda assim, é alarmante a situação do fornecimento de nitrogenados, já que a capacidade produtiva europeia de nitrogenados já estava comprometida com o fechamento e paralização de diversas plantas produtivas nos últimos meses, e com a nova alta do gás natural, é improvável que elas retomem as atividades no curto prazo. Assim, as importações devem continuar altas nos próximos meses, com as demandantes europeias dependendo do comércio com países do Norte da África, em especial o Egito, e do Oriente Médio. No entanto, o continente não está acostumado a internalizar tanto volume de fertilizantes como deverá fazer no decorrer do ano, o que pode causar problemas logísticos para o continente.
Na China, as cotações de nitrogenados voltaram a subir, com exportadores procurando reservar volumes de ureia para o leilão indiano. Assim, o indicador de preços ureia FOB China aumentou para US$628/tonelada, uma variação de 20 dólares em relação à semana anterior. Internamente os preços também apresentaram alta, com os custos de produção maiores – aumento dos preços do carvão diante da crise energética – e demanda mais ativa. O restante do sudeste asiático, no entanto, permaneceu pouco ativo, e sentimento baixista parece predominar na região.
Na América do Norte a baixa temporada explica um menor volume de nitrogenados negociados na última semana, mas agora existe uma preocupação com os preços das safras de grãos do país. Ademais, o indicador de preços ureia FOB NOLA ficou em US$715/tonelada, uma redução de US$51/tonelada em relação ao dia 1º de setembro.
O Brasil viu o volume de importação de nitrogenados crescer em agosto. No mês, o país internalizou cerca de 698 mil toneladas, volume 29% maior do que no mesmo período do ano passado e um aumento em relação à julho de 27 mil toneladas. Com a aproximação das safras de verão, espera-se que o volume importado aumente nos próximos meses, mas os agricultores continuam relutantes em formar novos acordos com relações de trocas não tão favoráveis, esperando que os preços atinjam patamares menores. Por fim, o indicador de preços ureia CFR Brasil aumentou mais uma semana, ficando em torno de US$722/tonelada, 50 dólares a mais do que na semana anterior.
Contudo, esse cenário de alta nos preços da ureia e demais insumos nitrogenados podem ser limitado. Isto porque, nas últimas semanas, um dos maiores pontos para a observação no mercado deste segmento era o leilão de compra da indiana RCP. A empresa anunciou no final de agosto a intenção de compra de 1 milhão de tonelada de ureia. Desde então, diversos players do mercado se organizaram para preparar ofertas enquanto outros aguardavam a definição do leilão para entender o novo direcionamento dos preços da ureia, paralisando novas negociações. Dessa forma, o mercado de nitrogenados permaneceu menos ativo nos últimos dias, com poucos volumes sendo comercializados.
Na última sexta (09) foi divulgado que o número de ofertas de ureia para o leilão da RCP envolveu cerca de 2,25 milhões de toneladas, o que expõe uma grande quantidade do nutriente disponível à pronta entrega no mercado internacional. Apesar do lance vencedor ainda não ter sido divulgado, especula-se que alguns foram abaixo de US$670/tonelada, de qualquer maneira, o leilão pode influenciar as cotações da ureia na próxima semana, as quais devem recuar diante do aumento da oferta internacional. Ademais, entende-se que China e países do Oriente Médio mobilizaram quantidades do nutriente para o leilão da RCP.