Fertilizantes: alta dos preços dos fertilizantes é justificada pelo aumento da demanda e proximidade da safra de verão no Hemisfério Sul

Após a colheita das culturas de inverno, agricultores devem preparar o solo com fertilizantes para as culturas de verão, como soja e milho, aumentando a demanda por estes insumos

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 03/07/2023 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de Mercado

Os fatores que atuam no mercado de fertilizantes deram uma folga no sentimento baixista encontrado nos últimos meses, ocorrendo valorizações pontuais para alguns fertilizantes no semanal de internalização. Atuaram no mercado fatores baixistas, como baixa demanda dos Estados Unidos, Canadá e Europa, relaxamento das restrições de exportação de nitrogenados pela China, altos estoques de fosfatados no Brasil e Índia e desvalorização do enxofre e amônia, insumos para a fabricação de fertilizantes potássicos e nitrogenados.

Como fatores altistas tivemos o crescimento da demanda da Índia, pela safra Kharif, proximidade com o próximo período de plantio da soja, que deve ocorrer logo após às culturas de inverno, um leilão indiano para importação de ureia e restituição da tarifa de importação de fertilizantes nitrogenados pela União Europeia.

NITROGENADOS E AMÔNIA – A ureia apresentou aumento das cotações em diversos mercados, inclusive o brasileiro, como uma resposta a dificuldade de compra do fertilizante pelos indianos. Houve crescimento da demanda na América, que impactou positivamente os preços no Brasil, Oriente Médio, Rússia, Egito, entre outros. Em julho, está previsto um leilão para compra de até 1 milhão de toneladas de ureia pela Índia, o que deve acarretar impactos para o mercado dos nitrogenados.

Para a amônia, foi divulgado o contrato Tampa de julho de 2023, a US$ 285/t CFR, com uma redução de US$ 55/t CFR comparado ao mês anterior. Este é o menor valor negociado entre as partes (Yara e Moisaic) desde janeiro de 2021. Ao mesmo paço em que nas Américas e Europa o preço continue a reduzir, nos outros mercados do globo, como Ásia e Oriente Médio, os preços encontram-se estáveis, com possíveis altas no curto prazo, devido ao fechamento de algumas plantas para manutenção.

FOSFATADOS – O mercado de fosfatados, que foi impactado pela ausência de compradores nas últimas semanas, respirou aliviado após o anúncio de um contrato entre a Coromandel (Índia) e a Nutrien para a compra de ácido fosfórico no terceiro trimestre do ano, por US$ 850/t CFR (redução de US$ 120/t CFR). Também foi anunciada a intenção de compra de 50 mil toneladas de DAP pela Rashtriya Chemicals and Fertilizers (RCF), da Índia, ainda este mês. No Brasil, entra MAP proveniente da Rússia. E na Europa, a demanda por esse tipo de fertilizante está fraca.

ENXOFRE – Baixo volume de negociações do enxofre, pela falta de demanda em diversas regiões do mundo. As empresas fornecedoras do insumo devem divulgar seus preços mensais de vendas nas próximas semanas, já que até o momento, apenas a Muntajat (Qatar) anunciou, por US$ 63/t FOB. Praças como Estados Unidos e Canadá possuem uma alta oferta de enxofre, dificultando a valorização do produto.

POTÁSSICOS – Ainda ocorrem desvalorizações do KCl em diversos mercados, que vão no sentido contrário dos demais fertilizantes cotados na última semana. Apesar do sentimento baixista, nas próximas semanas os produtores brasileiros devem começar o preparo para o plantio da próxima safra de verão (soja e milho), ação que deve demandar a compra de fertilizantes potássicos. Para tanto, a chegada das importações de KCl devem se intensificar em julho, para entrega aos produtores em agosto.

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