Os preços da farinha de trigo permaneceram estáveis ao longo desta semana nas principais regiões do país. As indústrias têm buscado firmar contratos com valores mais competitivos, enquanto produtores, pressionados pela necessidade de liberar espaço nos armazéns diante da proximidade da nova safra, acabam aceitando negociações em condições menos favoráveis.

A rentabilidade dos moinhos continua limitada, com margens comprimidas em razão da pressão por preços mais acessíveis. Apesar da estabilidade da demanda, há perspectivas de melhora para o último trimestre do ano, impulsionadas pela maior movimentação do consumo durante as festividades de Natal e Ano Novo.
No campo da oferta, surgem novidades relevantes no Nordeste. O estado de Alagoas implementou um novo modelo de tributação, reduzindo em 27% o imposto sobre a farinha de trigo em relação aos demais estados da região, o que torna o produto mais competitivo.
A medida já começa a atrair investimentos, como o anúncio do Moinho Maratá, que instalará duas unidades no estado — uma dedicada à produção de farinha de trigo e outra de ração animal.
Além disso, a empresa também confirmou a aplicação de R$ 129 milhões na reativação do moinho no porto de Ilhéus, na Bahia. A unidade terá capacidade de processar 144 mil toneladas de trigo por ano, com início das operações previsto para junho de 2026.
Inicialmente, a produção atenderá prioritariamente o mercado baiano, que possui forte demanda pelo produto, mas já há estudos para a ampliação da capacidade, aproveitando a localização estratégica do estado para abastecer outras regiões.
Enquanto isso, o custo da matéria-prima segue pressionado. O avanço da colheita no Sul do país, aliado às condições climáticas favoráveis, aumenta a disponibilidade de trigo, impactando diretamente as negociações. No cenário internacional, a maior competitividade do produto argentino tem intensificado as importações brasileiras, ampliando a oferta doméstica.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas na primeira semana de setembro, em cinco dias úteis, o Brasil importou 112,4 mil toneladas de trigo e centeio não moídos. Esse volume representa 19% do total registrado em todo o mês de setembro de 2024, quando foram adquiridas 591,3 mil toneladas em 21 dias úteis.

Diante desse cenário, mesmo com a expectativa de aumento do consumo de farinha no fim do ano, a ampliação da oferta, tanto interna quanto externa, tende a manter os preços do complexo de trigo sob pressão, com possibilidade de recuos adicionais nos próximos meses.