Farinha de Trigo: Recuo nos preços diante de pressão da nova safra e da demanda enfraquecida

Chegada do trigo 2025/26 amplia necessidade de desova de estoques, reduz margens industriais e mantém ambiente de negócios cauteloso.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 15/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Farinha de Trigo

O mercado de farinha de trigo registrou novas quedas em comparação à semana anterior, refletindo o início da formação de preços com base na safra 2025/26, atualmente em fase de colheita. A entrada gradual do novo trigo força os moinhos a liberar espaço nos armazéns, pressionando as margens de operação e resultando em recuos pontuais nos derivados.

A moagem permanece em ritmo contido, semelhante ao observado na semana passada, sobretudo em unidades que operam com margens negativas. O ambiente de negócios segue pouco dinâmico, com indústrias realizando ofertas consultivas para testar a disposição de compra do mercado. A demanda, contudo, segue retraída, aguardando melhores condições de preços para retomar aquisições em volumes mais expressivos.

Os atacadistas continuam exercendo forte pressão por reduções adicionais nas cotações, apoiados nas acentuadas quedas recentes do trigo em grão, o que dificulta ainda mais a sustentação dos preços e da rentabilidade dos moinhos. A demanda final enfraquecida contribui para esse cenário, limitando qualquer possibilidade de recuperação consistente nas cotações no curto prazo.

A tendência imediata é de ajustes marginais negativos nos preços, até que o abastecimento da nova safra seja plenamente internalizado e o consumo doméstico volte a reagir, possibilitando a definição de um novo ponto de equilíbrio no mercado de farinhas.

No segmento da matéria-prima, o ambiente doméstico permanece marcado por negociações lentas e valores pressionados. O avanço das colheitas, somado à competitividade crescente do produto importado, restringe o potencial de valorização interna. Ainda assim, o trigo nacional voltou a ganhar competitividade frente ao importado após a valorização de 3,2% do dólar na última semana, o que encareceu o cereal externo. Atualmente, o trigo argentino entregue ao Brasil (CIF) é cotado em R$ 1.427,95 por tonelada.

Nesse contexto, as indústrias moageiras adotam postura cautelosa nas aquisições, enquanto os produtores enfrentam margens comprimidas e custos de produção ainda elevados.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de outubro (oito dias úteis), o Brasil importou 179 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, volume que representa 32,5% do total importado em outubro de 2024 (552 mil toneladas em 22 dias úteis).

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima sua estimativa de produção nacional de trigo, elevando-a em 2,1% frente à projeção anterior, para 7,69 milhões de toneladas. Apesar do ajuste, o volume ainda permanece 2,4% abaixo do obtido na safra passada. A área cultivada foi mantida, refletindo retração de 19,9% em relação ao ciclo 2024/25.

As importações também foram revisadas positivamente, alcançando 6,63 milhões de toneladas, embora ainda representem queda de 2,9% frente ao período anterior. O consumo doméstico foi mantido em 11,8 milhões de toneladas, ligeiro recuo de 0,7% na comparação anual. Já os estoques finais subiram para 1,85 milhão de toneladas, avanço de 23,8% sobre a projeção anterior e de 34,9% em relação ao volume final da última temporada.

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