Farinha de Trigo: Mercado sustenta preços, mas recuo do trigo pressiona cadeia

Panorama é de vendas tímidas e redução nas programações de entrega. Compradores pressionam por ajustes negativos nos preços.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 01/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

O mercado de farinha de trigo segue bastante parado nos últimos dias, marcado por vendas tímidas e redução nas programações de entrega. As cotações mantiveram relativa estabilidade ao longo da semana, mas compradores pressionam por ajustes negativos, diante da chegada da nova safra e da expressiva queda nos preços do trigo observada nas últimas semanas. Apesar disso, os moinhos ainda operam com estoques confortáveis, o que lhes permite sustentar os valores médios em patamar semelhante ao anterior.

A rentabilidade da indústria, entretanto, segue bastante comprimida. O ritmo de processamento continua contido, em linha com o observado na semana passada, com níveis de moagem abaixo da média do mês, reflexo direto da retração da demanda doméstica.

No que diz respeito à matéria-prima, os preços do trigo apresentam recuos significativos em plena colheita, cenário que impõe desafios relevantes aos produtores do Sul, responsável por mais de 85% da oferta nacional. Nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, as cotações atingiram os menores níveis do ano em termos reais, comprometendo a viabilidade econômica da atividade. Com custos de produção elevados, a desvalorização do cereal pressiona margens, restringindo o potencial de reinvestimento, sobretudo entre agricultores que recorreram a financiamentos para conduzir o ciclo atual.

Além disso, diante de uma safra doméstica menor e de uma demanda interna estável, o Brasil deverá intensificar as importações ao longo da temporada 2025/26. A Argentina já está assumindo papel de destaque nesse fornecimento, sustentada por projeções de colheita volumosa e preços mais competitivos. Atualmente, o cereal entregue em território brasileiro (CIF) é negociado a R$ 1.412,48 por tonelada.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de setembro — equivalente a 20 dias úteis — o Brasil importou 507 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, volume 14,1% inferior ao registrado em igual período de 2024, quando foram adquiridas 591 mil toneladas em 21 dias úteis.

Por fim, informações da CEEMA indicam que a ocorrência de chuvas nas fases finais da colheita comprometeu o peso hectolítrico e o teor proteico em várias áreas do Sul, afetando a qualidade industrial do cereal. Como consequência, parte da safra deverá ser destinada ao segmento de alimentação animal, reduzindo sua disponibilidade para o mercado de panificação.

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