Farinha de Trigo: Indústria enfrenta margens estreitas e demanda retraída

Indústria reduz ritmo de processamento diante da demanda limitada, enquanto uma maior competitividade da matéria-prima argentina e o câmbio favorável reforçam a pressão baixista sobre as cotações do trigo.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 24/09/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Nesta semana, o mercado de farinha de trigo permanece praticamente estagnado, registrando baixo volume de negociações. Após duas semanas de relativa estabilidade, as cotações apresentaram leve recuo nas principais praças. Atualmente, a indústria relata que as vendas mal cobrem os custos operacionais, resultando em margens extremamente comprimidas, próximas de zero.

Há sinais de desaceleração no ritmo de processamento, reflexo da retração da demanda. Muitas empresas reduziram ou até cancelaram suas programações de compras, evidenciando um ambiente de consumo fragilizado.

Com relação ao consumo de massas e bolos, o comportamento se mantém semelhante ao das últimas semanas: a procura por massas segue enfraquecida, enquanto os biscoitos apresentam desempenho relativamente superior, embora ainda abaixo do esperado.

No que se refere à matéria-prima, os preços do trigo permanecem sob forte pressão, com negociações pontuais. Esse cenário é influenciado pelo avanço da colheita nacional, que até 21 de setembro alcançava 23,2% da área plantada, dez pontos percentuais acima da semana anterior, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Além disso, o fluxo de trigo argentino tem aumentado, favorecido pela recente desvalorização cambial, que tornou as importações mais atrativas.

A pressão baixista se intensificou com a decisão do governo argentino de suspender temporariamente, até 31 de outubro, as tarifas de exportação sobre grãos e derivados, incluindo soja, milho, trigo e girassol. A medida busca ampliar a competitividade das vendas externas e fortalecer as reservas cambiais do Banco Central do país.

Ainda que de caráter transitório, a política aumenta a atratividade do trigo argentino, que responde pela maior parte da importação brasileira. Atualmente, o cereal entregue no Brasil (CIF) está cotado a R$ 1.427,56 por tonelada.

De forma geral, os produtores enfrentam custos superiores aos preços praticados, especialmente no Paraná, enquanto os moinhos, relativamente bem abastecidos, não demonstram urgência na recomposição dos estoques.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de setembro (15 dias úteis), o Brasil importou 293 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, o equivalente a 49,6% do total adquirido em setembro de 2024 (591 mil toneladas em 21 dias úteis).

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