Nesta quarta-feira (10), o mercado de trigo permaneceu sob pressão, acompanhando um movimento de desvalorização nos principais contratos futuros. Na Bolsa de Chicago (CBOT), o trigo SRW encerrou em queda, com o vencimento de setembro recuando 1,12%, negociado a US$4,95/bushel, enquanto o contrato de dezembro cedeu 1%, para US$5,15/bushel.
Na Bolsa de Kansas, as perdas também se confirmaram. Os contratos do trigo HRW apresentaram retração de 0,37% no vencimento de setembro, cotado a US$4,85/bushel, e de 0,63% em dezembro, encerrando a sessão a US$5,07/bushel.
O movimento de baixa reflete o cenário global de ampla oferta. A colheita no hemisfério Norte avança em ritmo acelerado, ampliando a disponibilidade do cereal e pressionando as cotações em diversas praças.
Nos Estados Unidos, a safra de trigo de inverno já está concluída, enquanto o trigo de primavera encontra-se 72% colhido, superando a média histórica de cinco anos (71%) e o percentual registrado em 2024 (67%).
Na Rússia, 69,6% da área já foi colhida, frente a 65,5% no ano anterior, enquanto a Ucrânia praticamente concluiu sua safra, com 98% colhidos. Paralelamente, o plantio do trigo de inverno russo atinge 9,3% da área prevista.
Na Alemanha, o Ministério da Agricultura local anunciou produção de 22,45 milhões de toneladas, resultado expressivamente superior ao ciclo anterior. Já a agência Abares, da Austrália, revisou para cima sua projeção, estimando 33,8 milhões de toneladas em 2025/26, incremento de 10% frente à estimativa anterior.Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires projeta colheita de 20 milhões de toneladas, crescimento em relação às 18,6 milhões registradas no ciclo passado.
No front das exportações, a SovEcon elevou sua previsão para a Rússia em 2 milhões de toneladas, alcançando 42,9 milhões no ano comercial 2025/26. Entretanto, a decisão do governo russo de aumentar em 25% o imposto de exportação pode limitar esse potencial. A medida surpreendeu o mercado, uma vez que havia expectativa de eliminação da tarifa, o que estimularia ainda mais os embarques.
Nos Estados Unidos, apesar das incertezas quanto à política tarifária, a projeção aponta que as exportações de trigo devem atingir o maior nível dos últimos cinco anos em 2025/26. O cereal segue sendo uma das poucas commodities norte-americanas que consistentemente contribuem para o superávit da balança comercial do país.
