Os cereais estão passando por um momento muito delicado na história, levantando diversos questionamentos de como e para onde devem caminhar.
Para o trigo, muito depende de questões geopolíticas, e agora cada tentativa e esperança de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia abala o mercado. Um conflito que já ultrapassa 2 anos e pode finalmente ser encerrado.
Após vários “vai e vem”, mais recentemente nesta terça-feira (18) ocorreu uma ligação entre o presidente Donald Trump e Vladimir Putin, na busca de um cessar-fogo de pelo menos 30 dias, o qual foi novamente rejeitado pelo lado russo.
Muitas reuniões e conversas estão ocorrendo tendo os EUA como intermediador, e vemos pequenos avanços já que Putin se comprometeu a limitar seus ataques em ativos energéticos da Ucrânia. Apesar do telefonema, ataques aéreos continuam presentes na região nesta quarta-feira (19), o que levanta questionamentos sobre as verdadeiras intensões da Rússia, e se eles realmente estão dispostos a um tratado de paz.
Ucrânia e Rússia são importantes players no mercado de trigo, e desde o início do conflito acompanhamos o impacto negativo nas exportações do cereal pelo Mar Negro.
Que situação, não? É claro que outros fatores também auxiliam na volatilidade do ativo, em especial as recentes preocupações climáticas envolvendo falta de umidade no Meio Oeste norte-americano e regiões da Rússia.
Agora sobre o milho, vemos um impacto externo mais direto relacionado às tarifas de Donald Trump.
Na quarta-feira (12) o Canadá impôs tarifas retaliadoras de US$ 20,7 bilhões em produtos, como aço e eletrônicos, além ainda de informar que planejam aplicar novas taxas focadas em biocombustíveis, como o etanol de milho.
A União Europeia já foi mais cautelosa, anunciando que a partir de abril entrarão em vigor taxas de até US$ 28 bilhões, incluindo produtor agrícolas como milho e soja.
México também está na jogada e chama a atenção especialmente por ser um importante comprador do milho norte-americano.
Digo isso pois se tais países não comprarem mais milho nos EUA, terão que comprar em outro lugar, não é mesmo?
No Brasil o indicador da Esalq superou nesta semana a marca de R$ 90,00/sc, uma variação anual de +43% que deve apenas aumentar.
A oferta mais restrita com estoques apertados e atraso na colheita estão entre um dos principais responsáveis pela alta do milho, em conjunto é claro com a demanda cada vez mais aquecida pelo etanol de milho, especialmente se veremos menor produção e uso da cana-de-açúcar no país.
A ausência de chuvas em Minas Gerais também levanta preocupações, trazendo cada vez mais cautela na ponta vendedora, que segura o seu grão e avalia cada vez melhor os negócios.
Não devemos esquecer que as dificuldades logísticas no país também encarecem o cereal.