MINUTO DA SOJA: Cautela domina o mercado da soja com incertezas nos EUA e foco no ritmo de plantio no Brasil

Oscilações moderadas refletem prudência dos investidores diante do impasse político e econômico nos EUA; no Brasil, preços internos mantêm-se firmes em meio à forte demanda externa e condições climáticas desiguais.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 07/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana com comportamento lateralizado, encerrando a segunda-feira (06) em leve retração. O vencimento de novembro recuou 0,04%, cotado a US$ 10,17 por bushel, enquanto o contrato de janeiro apresentou baixa de 0,14%, fechando a US$ 10,35 por bushel.

O mercado foi influenciado pela postura cautelosa dos investidores, que aguardam detalhes sobre o novo pacote de incentivos aos produtores rurais norte-americanos, estimado em US$ 14 bilhões. O anúncio, previsto para ocorrer ainda nesta semana, seria uma iniciativa do governo Donald Trump para amparar os agricultores de soja dos Estados Unidos, que há meses enfrentam queda nas compras por parte da China, em meio à prolongada disputa comercial com Washington.

Outro fator que adiciona incerteza ao cenário é a paralisação parcial do governo norte-americano, que completou seis dias na segunda-feira. Com isso, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) permanece com atualizações suspensas em seu portal oficial, restringindo o acesso a informações fundamentais para os agentes do mercado. A escassez de dados oficiais reduz a volatilidade e inibe a tomada de novas posições, resultando em menor liquidez nas negociações.

O único boletim divulgado pelo USDA desde o início do shutdown refere-se às inspeções de embarques. Até 2 de outubro, os volumes somaram 768 mil toneladas, representando aumento de 25,8% em relação à semana anterior, embora ainda 52,8% inferiores ao mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques atingem 3,03 milhões de toneladas, queda de 14,8% frente às 3,56 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo do ano passado.

Soja – Mercado Interno

No mercado doméstico, as cotações também permaneceram em compasso de espera, refletindo um ambiente de estabilidade e lateralização. O Indicador Esalq/B3 do Cepea apontou a soja em Paranaguá a R$ 135,92 por saca, leve recuo de 0,2%. No Paraná, a saca foi negociada a R$ 131,47, ligeira valorização de 0,1%.

No mercado físico, os preços médios permaneceram em patamares firmes: Santa Catarina registrou R$ 122,40/saca, São Paulo apresentou média de R$ 120,00, Mato Grosso teve R$ 115,76, e no Paraná, a saca foi negociada a R$ 118,26.

Os agentes nacionais atravessam um período de transição estratégica, marcado pela forte demanda externa, sobretudo da China, que mantém os preços sustentados. Entretanto, o comportamento das condições climáticas e a oferta global devem ser monitorados com atenção, pois podem impactar as margens de rentabilidade e a competitividade do produto brasileiro nos próximos meses.

Entre janeiro e setembro de 2025, o Brasil embarcou 93 milhões de toneladas de soja, o maior volume já registrado para o período, consolidando-se como principal fornecedor mundial do grão. Ainda assim, a recuperação da safra argentina exerceu leve pressão sobre os embarques nacionais, moderando o ritmo de expansão das exportações mensais.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quinta semana de setembro (22 dias úteis), o Brasil exportou 7,34 milhões de toneladas, avanço de 20,2% em relação a setembro de 2024, quando o volume totalizou 6,10 milhões de toneladas em 21 dias úteis.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 5 de setembro, aproximadamente 8,2% da área prevista para a safra 2025/26 já havia sido semeada. No Mato Grosso, o plantio avança de forma gradual, condicionado à regularidade das chuvas.

No Paraná, estado mais adiantado na semeadura, as precipitações recentes reduziram o ritmo dos trabalhos, mas favoreceram o desenvolvimento inicial das lavouras na maior parte do território, exceto no Norte do estado.

No Mato Grosso do Sul, o plantio de sequeiro avança principalmente na região Sul, enquanto nas demais áreas prevalece o cultivo em áreas irrigadas. Já no Rio Grande do Sul, os produtores aguardam a diminuição das chuvas para iniciar as operações de campo.

Em Santa Catarina, o avanço é limitado devido à alta frequência de precipitações. Nos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Bahia, o plantio foi iniciado, sobretudo em áreas com irrigação. No Pará, os trabalhos progridem ao longo da BR-163 e já começaram nos municípios de Redenção e no Sudeste do estado.

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