Soja – Mercado Externo
Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a sessão desta quarta-feira (01) em terreno positivo. O vencimento de novembro fechou a US$ 10,13 por bushel, valorização de 1,14% em relação ao pregão anterior, enquanto o contrato de janeiro avançou 1,06%, cotado a US$ 10,31 por bushel.

O movimento altista foi impulsionado por declarações do presidente dos Estados Unidos em apoio ao setor agrícola e pelo anúncio de uma reunião com o presidente da China no início de novembro, que terá como pauta central a guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo, com a soja no centro das discussões.
Caso as barreiras comerciais sejam eliminadas, cresce a expectativa de que a China volte a intensificar suas compras de soja americana, após um período de retração em função das tarifas impostas durante o conflito comercial. Estima-se que entre 20 e 25 milhões de toneladas do grão norte-americano possam ser adquiridas pelos chineses. A projeção de importações da China para 2025 supera 115 milhões de toneladas, e tanto Brasil quanto Argentina não dispõem de oferta suficiente para atender sozinhos esse volume.
Nos Estados Unidos, agricultores têm reportado dificuldades diante de preços inferiores ao custo de produção, pressionando a rentabilidade. Discute-se a possibilidade de subsídios ao setor e uma eventual redução da área destinada à soja na safra 2026/27. O elevado volume de grãos não comercializados tem gerado entraves logísticos de armazenagem, levando parte dos produtores a considerar alternativas mais lucrativas, como o milho.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, em 30 de setembro, seu boletim trimestral de estoques. O volume de soja armazenada foi de 8,6 milhões de toneladas, em linha com as expectativas de mercado, que variavam entre 8,03 e 9,80 milhões, com média de 8,79 milhões. No mesmo período do ano passado, o montante era superior, atingindo 9,31 milhões de toneladas.
Soja – Mercado Interno
No cenário doméstico, o Indicador Esalq/B3 do Cepea mostrou oscilações divergentes. Em Paranaguá, a saca foi negociada a R$ 134,43, alta diária de 0,6%. Já no Paraná, houve leve retração de 0,1%, com a saca cotada a R$ 128,76.
No mercado físico, a maior parte das praças apresentou desvalorizações. As quedas mais acentuadas ocorreram em Santa Catarina (-0,8%), Paraná (-0,7%) e Rio Grande do Sul (-0,6%), onde as médias ficaram em R$ 121,72, R$ 116,44 e R$ 122,46 por saca, respectivamente. Em outras regiões, houveram altas marginais ou estabilidade.

O avanço do plantio segue sendo o principal fator de acompanhamento. Em boa parte das regiões produtoras, o clima tem se mostrado favorável, o que reforça as expectativas de desenvolvimento dentro da janela ideal. No entanto, há registros de atraso nas chuvas em estados como Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Embora esse cenário ainda não represente risco relevante para a soja, cujo período de semeadura se estende até novembro, pode comprometer a safrinha de milho caso o plantio da oleaginosa seja excessivamente postergado.
No curto prazo, a especulação em torno da possível reunião entre os presidentes de Estados Unidos e China não trouxe reflexos expressivos ao mercado interno. Contudo, se as compras chinesas se intensificarem a partir de dezembro, existe a possibilidade de redução da demanda pela soja brasileira no período de pico da colheita, entre março e maio, pressionando os prêmios locais mesmo diante de cotações firmes em Chicago.
Outro fator de peso é a desvalorização recente do dólar, que reduz a competitividade da soja nacional no mercado internacional. Na terça-feira (01), a moeda norte-americana encerrou a R$ 5,32, queda de 2,15% no comparativo mensal, contribuindo para a pressão sobre os prêmios de exportação.
