Indicador de Derivados do Trigo – Out/25: Índice sobe no Rio Grande do Sul e Paraná

Em outubro, o IDT atingiu 1,50 no Rio Grande do Sul e 1,66 no Paraná. A matriz dos derivados recuou nos dois estados, mas queda no preço médio do trigo em grão em comparação ao mês anterior compensou amplamente o movimento, resultando em elevação do indicador.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 07/11/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Indicador de Derivados do Trigo (IDT): Conceito e Fundamentação

O Indicador de Derivados do Trigo (IDT) é uma métrica mensal elaborada para sintetizar, de maneira integrada, o comportamento dos preços dos principais produtos resultantes da moagem do grão: a farinha e o farelo de trigo. Seu objetivo central é mensurar o valor econômico agregado da industrialização, permitindo avaliar margens de processamento, pressão de custos, capacidade de repasse e a atratividade da atividade moageira.

Ao confrontar o IDT com as cotações do trigo em grão, torna-se possível analisar a relação entre insumo e derivados, identificando momentos de compressão ou expansão de margens. Como a farinha se destina majoritariamente ao consumo humano, ligada a panificação e indústrias alimentícias, e o farelo atende ao segmento de nutrição animal, o indicador combina mercados com dinâmicas bastante distintas. Essa integração suaviza oscilações isoladas e oferece uma leitura mais abrangente do setor industrial.

A farinha, tradicionalmente mais estável, exerce maior influência na composição do índice, enquanto o farelo, mais suscetível à pecuária, aos preços do milho, da soja e à sazonalidade da demanda por ração, contribui de maneira coadjuvante na formação do IDT.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, o IDT atingiu 1,50 em outubro, representando avanço de 9,61% frente ao mês anterior e alta de 16,43% na comparação anual. O índice permaneceu acima da média dos últimos doze meses (1,33) e do patamar observado nos últimos cinco anos (1,43). A série histórica aponta tendência levemente ascendente, com aceleração mais pronunciada no trimestre recente.

O desvio-padrão de 0,072 confirma volatilidade baixa a moderada, coerente com a maior participação da farinha, produto estruturalmente mais estável na composição do indicador. Em outubro, a farinha registrou queda de 1,2%, enquanto o farelo avançou 1,19%. A matriz ponderada dos derivados apresentaria recuo de 0,92% no mês, o que, isoladamente, reduziria o IDT. Porém, o declínio expressivo de 9,61% no preço médio do trigo em grão em comparação ao mês anterior compensou amplamente o movimento, resultando em elevação do indicador.

Paraná

No Paraná, o IDT fechou outubro em 1,66, aumento de 8,29% na comparação mensal e salto de 26,67% na base anual. O índice permaneceu acima das médias dos últimos doze meses e dos últimos cinco anos, ambas em torno de 1,42. A série estadual evidencia comportamento mais firme e trajetória de alta mais acentuada do que a observada no Rio Grande do Sul, igualmente concentrada no último trimestre.

O desvio-padrão de 0,098 indica volatilidade baixa a moderada, mas superior à gaúcha, refletindo oscilações mais intensas no IDT. Em outubro, a farinha recuou 1,98% e o farelo caiu 3,97%. Assim, a matriz ponderada dos dois produtos diminuiria 2,19%. Contudo, o recuo mensal expressivo de 9,68% no preço do trigo em grão sustentou a elevação do IDT, repetindo o padrão observado no Rio Grande do Sul.

Cenário Atual e Perspectivas

Os resultados recentes mostram que os derivados têm resistido às quedas mais intensas do insumo, mantendo o IDT em patamares elevados. Esse comportamento decorre, em grande medida, da estrutura de custos da indústria moageira, caracterizada por despesas fixas elevadas, margens comprimidas e forte concorrência regional. Mesmo diante de quedas acentuadas no trigo, o repasse para farinha e farelo tende a ser parcial e gradual.

A maior parte dos moinhos ainda opera com estoques adquiridos em períodos anteriores, o que limita ajustes rápidos. A demanda por farinha, de baixa elasticidade, também contribui para preservar a estabilidade das cotações.

Com o avanço da colheita nacional, a perspectiva de boa produtividade, a ampla oferta argentina, o câmbio mais depreciado e o enfraquecimento das cotações internacionais, o ambiente sinaliza continuidade da pressão baixista sobre o trigo. À medida que os estoques antigos se esgotam, espera-se que os custos mais baixos sejam gradualmente incorporados aos derivados, o que tende a pressionar o IDT para baixo nos próximos meses.

Na comparação regional, os moinhos paranaenses demonstram menor capacidade de repassar a desvalorização do trigo aos derivados, possivelmente devido a custos industriais e logísticos mais elevados, além de um mercado consumidor local menos propenso a absorver repasses. No Rio Grande do Sul, o comportamento é mais amortecido, com maior estabilidade e convergência histórica em torno da média.

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