Trigo Brasil: Pressão da Oferta Externa e Avanço da Colheita Intensificam Quedas

Suspensão das tarifas na Argentina amplia concorrência, enquanto colheita avança e produtores enfrentam custos elevados.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 24/09/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo Brasil

Nesta terça-feira (23), o mercado doméstico de trigo registrou novas desvalorizações. De acordo com o indicador Cepea/Esalq, no Paraná o trigo pão ou melhorador foi cotado a R$ 1.275,84 por tonelada, recuo de 0,7% frente à sessão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando caiu 0,8%, sendo negociado a R$ 1.241,72/tonelada.

No mercado físico, as cotações também permaneceram sob pressão. No Rio Grande do Sul, a média se manteve em R$ 69,25/saca. Em Santa Catarina, o cereal foi negociado a R$ 65/saca, enquanto no Paraná o preço médio atingiu R$ 68,06/saca.

A pressão baixista ganhou força após a decisão do governo argentino de suspender temporariamente, até 31 de outubro, as tarifas de exportação sobre grãos e derivados, incluindo soja, milho, trigo e girassol. A medida visa ampliar as vendas externas e reforçar as reservas internacionais do Banco Central do país, em meio a dificuldades para recompor os estoques cambiais. Essa política tende a aumentar a competitividade do trigo argentino no comércio global, embora seu impacto seja limitado pela natureza transitória da iniciativa.

O cenário interno segue marcado por liquidez reduzida e negociações pontuais, influenciado pela postura dos moinhos, pelo avanço da colheita nacional e pelo maior fluxo de trigo argentino, favorecido pela desvalorização cambial recente, que estimula as importações.

Produtores enfrentam custos acima dos preços de venda, principalmente no Paraná, enquanto os moinhos, relativamente abastecidos, não demonstram urgência na recomposição dos estoques.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de setembro (15 dias úteis), o Brasil importou 293 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, o que corresponde a 49,6% de todo o volume adquirido em setembro de 2024 (591 mil toneladas em 21 dias úteis).

No campo, o ritmo da colheita avança. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que, até 21 de setembro, 23,2% da área plantada já havia sido colhida. No Paraná, a colheita ganhou tração na última semana, com a maioria das lavouras em fase de maturação.

No Rio Grande do Sul, as chuvas frequentes e as temperaturas mais elevadas favoreceram o surgimento de doenças, exigindo manejo fitossanitário. Apesar disso, a condição geral das lavouras é considerada boa, embora haja relatos de menor uso de fertilizantes.

Em Santa Catarina, o potencial produtivo permanece positivo, com a maior parte das áreas em desenvolvimento vegetativo e algumas já em enchimento de grãos. O clima úmido, apesar de benéfico para o crescimento, demandou controle contra manchas foliares, ferrugem e oídio.

Em São Paulo, a colheita está em andamento e deve ser finalizada até outubro. Em Minas Gerais, o processo se aproxima do fim, confirmando bom desempenho, sobretudo nas áreas irrigadas.

Em Goiás, a colheita do trigo irrigado segue em ritmo acelerado e deve ser concluída na próxima semana. No Mato Grosso do Sul, restam apenas áreas semeadas mais tardiamente para o encerramento do ciclo. Já na Bahia, as lavouras continuam apresentando bom desenvolvimento.

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