Soja Balanço Semanal: Entre a Competitividade do Brasil e as Dificuldades dos Estados Unidos

Oferta abundante pressiona preços internacionais, mas prêmios mantêm a oleaginosa valorizada no mercado interno

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 09/09/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Na última sexta-feira (05), os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a semana em queda. O vencimento de setembro recuou 2,91%, cotado a US$10,06/bushel, enquanto o contrato de novembro caiu 2,6%, para US$10,27/bushel.

A ausência da China no mercado americano continua exercendo forte pressão sobre as cotações, uma vez que não houve avanços concretos nas negociações entre os dois países. Além disso, o elevado volume de oferta impede qualquer recuperação consistente dos preços. Os Estados Unidos estão finalizando a colheita, ao mesmo tempo em que o Brasil inicia um novo ciclo de produção, ampliando a disponibilidade global da commodity.

O mercado segue atento à atualização do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), prevista para sexta-feira (12), que trará novas estimativas sobre produção, consumo e estoques finais.

No relatório semanal divulgado em 8 de setembro, o USDA informou que as inspeções de exportação até o dia 4 totalizaram 452 mil toneladas, queda de 8% frente à semana anterior, mas aumento de 24,1% em comparação ao mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques somam 248 mil toneladas, retração de 9,1% em relação às 273 mil toneladas registradas no mesmo intervalo do ano passado.

Quanto às condições das lavouras, os dados até 7 de setembro indicaram que 64% das áreas foram classificadas como boas ou excelentes, 26% regulares e 10% entre ruins e muito ruins. O índice de qualidade recuou um ponto percentual frente à semana anterior e também em comparação ao mesmo período de 2024.

As vendas da safra 2024/25 apresentaram redução de 23,8 mil toneladas, enquanto os contratos da safra 2025/26 somaram 818,5 mil toneladas, com destino a países como México, Japão, Indonésia, Taiwan e compradores não especificados. Já as exportações alcançaram 457 mil toneladas, crescimento de 12% frente à semana anterior, mas 13% abaixo da média das últimas quatro semanas.

A American Soybean Association (ASA), que representa os produtores dos Estados Unidos, solicitou ao governo a abertura de uma investigação contra o Brasil. O argumento é que os subsídios concedidos ao setor agrícola brasileiro estariam distorcendo a competitividade global. Segundo os sojicultores americanos, os preços praticados pelo Brasil têm se mostrado mais atrativos, ampliando a fatia de mercado do país em detrimento da participação dos EUA em destinos estratégicos, especialmente a China.

Soja– Mercado Interno

No Brasil, os preços da soja seguem pressionados, mas apresentaram leves ganhos semanais. De acordo com o Indicador Esalq/B3 do Cepea, a oleaginosa em Paranaguá foi negociada a R$140,82 por saca na última sexta-feira, alta de 0,9% frente à semana anterior. No Paraná, a valorização foi de 0,37%, para R$134,75 por saca.

A competitividade da soja brasileira no cenário externo continua sendo favorecida pelos prêmios de exportação. Além disso, a guerra tarifária entre China e Estados Unidos sustenta a demanda pelo produto nacional, o que limita quedas mais intensas nas cotações, mesmo diante de uma safra recorde.

No mercado físico, os preços apresentaram variações distintas entre as principais praças do país. As maiores quedas ocorreram no Rio Grande do Sul (-1,24%) e no Mato Grosso do Sul (-0,96%). Já as altas mais expressivas foram registradas no Paraná (2,23%), Santa Catarina (1,91%) e Mato Grosso (1,40%).

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em agosto o Brasil exportou 9,338 milhões de toneladas de soja, aumento de 16,1% em relação ao mesmo mês de 2024, quando os embarques somaram 8,041 milhões de toneladas.

Apesar do bom desempenho nas exportações, os produtores apontam que margens apertadas, juros elevados e incertezas geopolíticas têm limitado a disposição para novos investimentos. A área plantada para a próxima temporada deve crescer apenas 1,5%, abaixo da média anual.

Com o fim do vazio sanitário, estados como Paraná e Mato Grosso já estão aptos a iniciar o plantio da safra 2025/26 ainda neste mês de setembro, medida que contribui para o controle de doenças como a ferrugem asiática e garante melhores condições produtivas.

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