Café Brasil
O mês de fevereiro teve um início turbulento para o café no Brasil. As recorrentes chuvas no país, foram responsáveis pelo atraso dos trabalhos no campo em importante momento de tratos culturais para os cafezais, e potencializam a propagação da ferrugem do café.
A ferrugem do café (Hemileia vastatrix) é uma doença causada por fungo que causa a queda precoce de folhas e afeta a produção de frutos do ano seguinte, trazendo prejuízos ainda maiores em anos de alta produção. No momento, a maior preocupação com a doença veio do período de estiagem pelo qual as regiões produtoras passaram, pois essa condição potencializa os danos infligidos pela ferrugem.
A preocupação com o tamanho da safra brasileira manteve os cafeicultores longe das negociações no mercado físico neste último mês, onde os negócios pontuais ocorreram devido a necessidade de caixa.
As condições climáticas do país e ausência do produtor nas vendas, fez com que os preços da saca valorizassem significativamente, e podemos observar variações acima de 3% em importantes regiões. Em Minas Gerais, o preço do café arábica teve uma variação mensal de +4,68%, saindo de R$1.098,13 para R$1.149,50.
Quanto ao indicador da Esalq, é importante destacar o movimento do café robusta, o qual apresentou grande volatilidade atingindo seu pico no dia 07 e logo em seguida caindo forte e encerrando o mês com uma variação negativa de -0,65%.
Por fim, temos a atualização da Balança Comercial de fevereiro. Segundo os dados da Secex, foram exportadas 122,402 mil toneladas de café não torrado, volume que representa apenas 58,7% do total exportado no mesmo mês em 2022.
Tal informação dá suporte aos cafeicultores que estão segurando seu grão e aguardando por patamares de preços mais elevados.
Café Mercado Externo
Fevereiro não foi positivo apenas para os preços da saca no mercado físico do Brasil, os futuros do café arábica também testaram novas altas durante o período.
O contrato março na Bolsa de Nova York contou com uma variação mensal de +4,76%, com as cotações chegando a atingir o patamar de 197,30 cents/lp no dia 21, porém recuando na seguência.
Para começar, na primeira semana o suporte veio o anúncio do Fed sobre o aumento da taxa de inflação dos EUA em 25 pontos bases, em par com o esperado pelo mercado. Tal notícia trouxe alívio para o café, uma commodity muito influenciada pelo cenário macroeconômico, em especial pois o país norte-americano é o maior consumidor mundial do produto. E não parou por aí, no dia 15 tivemos atualização sobre os estoques de café nos EUA.
Segundo os dados do relatório mensal da Green Coffee Association (GCA), os estoques norte-americanos de café verde em grão recuaram 52,6 mil sacas de 60kg no mês de fevereiro, estabelecendo um novo volume de 6,26 milhões de sacas, e a maior queda em mais de um ano!
Esse movimento foi impulsionado pelo alto consumo interno naquele país e pela redução nas exportações brasileiras, as quais estão abaixo do esperado.
Entretanto, após digerir a preocupação com uma menor oferta no Brasil devido dificuldades nos tratos culturais ocasionados pelo excesso de chuvas, os preços voltam a apresentar forte volatilidade e devolvem os ganhos das últimas semanas, com o mercado devolvendo o questionamento sobre a possibilidade de queda no consumo do produto em importantes regiões como EUA e Europa.
Na quinta-feira 23, após atingir a máxima de 4 meses, o contrato março na ICE recuou forte e variou no dia -4,79%, sendo cotado a 189,95 cents/lp.
Apesar do movimento, as cotações voltaram a atuar no campo positivo, principalmente após os dados de exportação da Colômbia. Segundo a Federação Nacional dos Cafeicultores, as exportações de café em fevereiro somaram um volume de 928 mil toneladas, representando uma queda de 6% ante ao mesmo mês de 2022.