Trigo Brasil
No início da última semana tivemos a atualização da Balança Comercial no país, com dados da Secex até a 2° semana de abril.
Durante os 10 dias úteis contabilizados, foram exportadas 379,192 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, superando em 35,1% o volume total exportado em todo o mês de abril em 2023.
A média diária de embarques para o período acima mencionado, foi de 37,919 mil toneladas.
Quanto as importações, estas totalizaram até a 2° semana de abril, um volume de 167,051 mil toneladas, o que representa apenas 53,42% do total importado em abril do ano anterior.
Como podemos perceber, os moinhos brasileiros não estão realizando grandes compras do cereal, mesmo com a ausência de trigo de qualidade no Brasil.
O que vêm segurando as negociações do cereal, é a baixa demanda pela farinha de trigo no mercado, o que acaba por limitar também a alta nos preços nacionais, que mesmo com a valorização cambial levando consumidores a dar preferência ao cereal do país, apresentam dificuldades de reação.
Na segunda-feira (15), o preço médio do trigo no mercado de lotes do Rio Grande do Sul variou +2,05%, mantendo-se estável na terça-feira (17) à R$ 1.200,86 a tonelada.
Para o estado do Paraná, o movimento foi mais sútil, com o preço médio do trigo variando +0,18% na segunda-feira (15), e +0,20% na terça-feira (16), encerrando o dia à R$ 1.261,21 a tonelada.
Após atuar boa parte da semana com valorizações, na quinta-feira (18), o preço médio do trigo no mercado de lotes voltou a cair, e no Rio Grande do Sul variou no dia -0,24%, negociado à R$ 1.211,90 a tonelada.
Para o estado do Paraná, o movimento negativo também ocorreu, com o preço médio do trigo variando -0,22% no dia, encerrando a sessão à R$ 1.269,57 a tonelada.
Lembramos que os preços tiveram suporte nas exportações nacionais e no câmbio, que tornaram os negócios internacionais mais atrativos que negociações no mercado interno.
Apesar da baixa qualidade do trigo brasileiro, o ritmo dos embarques está favorável, com países importando o cereal principalmente para o uso em alimentação animal.
Trigo Mercado Externo
A última semana começou com boas notícias para o trigo argentino.
O plantio do cereal para a temporada 2024/25 terá início no próximo mês, com os trabalhos no campo devendo ser favorecidos pela umidade do solo resultante das recentes chuvas no local.
Falando agora dos preços do trigo, estes estão subindo para diversos contratos na Argentina.
Os preços negociados posto FOB, estão na faixa de US$ 251,00 a tonelada. Na Bolsa de Rosário os preços também valorizaram, e vemos o contrato maio sendo cotado à US$ 258/t.
Falando agora da comercialização do trigo DJVE campanha 2023/24, segundo a atualização do Ministério da Economia do país, acumulou até a sexta-feira (19) um volume de 1.266.588 (1,266 milhão de toneladas).
Para a farinha de trigo o volume é de 232,872 mil toneladas.
Por outro lado, a última semana começou negativa para o trigo na Bolsa de Chicago, com o contrato maio SRW variando -0,76% e o julho -0,56%.
Boa parte da pressão veio da alta diária do dólar, o que acaba prejudicando ainda mais o programa de exportação norte-americano. Além disso, o Serviço Meteorológico Nacional (NWS, sigla em inglês) estava prevendo para a próxima semana, um volume de chuvas favorável para as lavouras.
Em contrapartida, o USDA atualizou o Crop Condition no país, informando que na semana encerrada no dia 14 houve queda de 1 ponto percentual nas condições ideais de lavoura.
Até aquele momento, 55% das lavouras estão classificadas em boas/excelentes condições, 32% em condições regulares e 13% como ruins/péssimas.
Também na segunda-feira (15), tivemos a atualização das inspeções semanais para exportação de grãos nos EUA.
Para o trigo, na semana encerrada no dia 11 de abril, o volume inspecionado foi de 551,278, vindo levemente acima da semana anterior, e das 227,402 mil toneladas inspecionadas em igual período em 2023.
De todo modo, os Estados Unidos se encaminham para encerrar uma temporada com as exportações batendo um dos volumes mais baixos em anos, uma vez que o cereal apresenta baixa competitividade ante aos preços descontados da Rússia e Ucrânia.
Entre os dias 05 e 11 de abril, o USDA relatou uma redução nas vendas de trigo para 2023/24 no volume de 93,600 mil toneladas, fazendo com que o número caia significativamente ante às semanas anteriores.
Para a safra 2024/25, as vendas no período totalizaram 222 mil toneladas, com destinos para o México, Japão, Itália, República Dominicana e locais não revelados.
Após encerrar a sessão de quarta-feira (17) operando no campo negativo, os futuros do trigo SRW abrem a quinta-feira (18) caindo um pouco mais.
O contrato maio na bolsa de Chicago havia variado na quarta-feira (17) -2,29%, e o julho -2,20%.
O trigo francês na Euronext também teve um dia negativo (17), variando naquel dia -0,2% e sendo cotado à US$ 217/t.
Boa parte da pressão para o cereal em Chicago, veio da valorização do dólar, que acabou por reduzir ainda mais a competitividade das commodities norte-americanas.
Outro ponto de pressão, continua sendo o ritmo das exportações na Ucrânia e Rússia, que conseguem oferecer um trigo com valores bem mais descontados.
Já na sexta-feira (19), os futuros do cereal voltaram a subir em Chicago, amparados principalmente pelas tensões renovadas no Oriente Médio frente ao ataque de Israel ao Irã, sem falar da continuação da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Falando da Rússia, a SovEcon reduziu suas estimativas para a produção de trigo no país em 1 milhão de toneladas, estimando agora um volume de 93 milhões de toneladas, primeiro corte dos números nesta temporada.
O principal responsável pelo corte foram as previsões de condições climáticas secas para o Sul da Rússia.
Ainda na semana, o Ministério da Política Agrária da Ucrânia informou que as estimativas do país estão em uma produção de grãos em 52,4 milhões de toneladas, sendo 19,2 milhões para o trigo, e 26,7 milhões de toneladas para o milho.
Entre os dias 01 e 19 de abril a Ucrânia exportou 4,2 milhões de toneladas de grãos, o dobro do volume embarcado em igual período do ano anterior.
