Trigo Brasil O La Niña trouxe alguns problemas para as lavouras de trigo no mês de setembro, devido à instabilidade climática causada pelo fenômeno. No Brasil, 100% das lavouras foram semeadas e 18,7% das áreas estão sendo, ou já foram, colhidas. A Conab manteve a posição anterior, onde espera o cultivo de 2,958 milhões de hectares no país, com aguardada colheita de 9,3 milhões de toneladas de trigo. Esses números suportariam o atendimento de 75% da demanda interna brasileira, que é de 12,277 milhões de t. No Paraná, a colheita avançou de 5% para 28%, entre os meses de agosto e setembro, mas as chuvas causaram diversas pausas nas atividades e queda da qualidade dos grãos, pela alta umidade dos grãos. Os produtores também temem a ocorrência da germinação das espigas, que compromete altamente a produtividade, além das doenças fúngicas favorecidas pela presença de água na espiga. A estimativa de produção do estado paranaense teve uma queda de 100 mil toneladas, comparadas ao mês passado, pelo informe do DERAL. Em uma área de 1,175 milhão de hectares, são esperados 3,89 milhões de toneladas de trigo. As áreas tritícolas do Rio Grande do Sul, que antes passavam por uma leve seca, tiveram seu déficit hídrico superado, com a ocorrência do aumento da umidade, o que favoreceu as plantas que estavam em fase de florescimento e reprodução. A EMATER-RS manteve os números do mês passado, em termos de produtividade esperada: 2.822 kg / ha, nos 1,4 milhão de hectares que cultivam trigo. As lavouras gaúchas apresentam 10% em fase vegetativa, 40% em floração, 39% em enchimento de grãos, 9% em maturação e 2% foram colhidas. No estado catarinense o plantio teve início nesse mês, sendo colhidos 0,3% das áreas até o último relatório emitido pela Conab (22 de setembro). As lavouras do Planalto Norte apresentam 80% em condições ótimas de cultivo, resultado das boas condições climáticas que a região teve. O mercado de farinha brasileiro acompanhou as variações da matéria-prima, contudo as moageiras tentaram segurar o preço do derivado, diante da retração da demanda. Segundo relatos para a AF News, o mês de setembro foi fraco para os negócios, pois o mercado está desaquecido. Outro ponto a ser analisado, é que se espera a chegada do cereal da nova safra, que deve pressionar a redução dos valores de farinha e farelo. Sobre o farelo, ocorreu aumento da demanda durante esse mês, numa busca dos compradores em substituir o milho, mas as empresas do setor mantiveram a moagem baixa. Trigo Argentina Durante todo o mês que passou, os produtores argentinos enfrentaram dificuldades pela seca que atingiu o país. Em agosto, os 6,1 milhões de hectares semeados com trigo, previstos em junho, agora são 5,9 milhões. Da área restante, 69,9% das áreas apresentavam condições hídricas adequadas/ótimas, no mês passado, já em setembro, a porcentagem de áreas em situação de seca e regular ficou em 53%. O período seco também foi porta de entrada para algumas doenças e pragas, deixando as condições sanitárias de 42,4% das áreas em regulares/ruins, sendo que no mês passado, esse número era de 79,9% entre normal e boa. Com isso os triticultores encontram as gramíneas com menor área foliar, amarelamento e abortamento de perfilhos. Devido aos problemas com a falta de chuvas, é esperado redução de até 60% no rendimento da produção, conforme informado pela Bolsa de Rosário (BCR), notícia que, fez com que os valores do mercado de trigo subissem no país. Foi reportado que alguns produtores da região central e norte da Argentina já estão deixando as lavouras de trigo em pousio, desistindo de sua colheita, e esperando o plantio da próxima cultura. Decorrente dos problemas citados acima, a BCR reajustou as estimativas da safra de trigo 2022/23 da Argentina, de 18,5 milhões de toneladas para 17,7 milhões de t. Além do trigo, sofrem também com a seca, áreas de cevada, girassol e milho. No decorrer do mês, o país vizinho exportou cerca de 345 mil toneladas de trigo, sendo que 237 mil t tiveram como destino o Brasil. Trigo Mercado Externo O conflito entre Rússia e Ucrânia continuaram a abalar o mercado de trigo. Durante a 77ª Sessão da Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos dias 13 a 27 desse mês, onde as nações puderam discorrer sobre o conflito bélico e o problema da segurança alimentar. Durante esse período, o governo russo anunciou que fará um referendo para anexação de regiões ucranianas, que estão ocupadas por seu exército. Além disso, convocou militares reservistas para voltarem à atividade, com fins de aumentar essa ocupação, e informou que, possui armas nucleares para uso, se necessário. O anúncio foi recebido pela comunidade internacional de maneira negativa, fomentando uma disparada de preços do mercado futuro do trigo na CBOT e, consequentemente, de outras commodities. Ainda sobre esse tema, o acordo realizado pelos atores da guerra, para escoamento de produtos alimentares no Mar Negro, permitiu que a Ucrânia enviasse 5,3 milhões de toneladas em 231 navios, até o momento. Número que está longe de alcançar a quantidade necessária para reestabelecer os estoques alimentares globais. Sobre as estimativas de safra desses países, as consultorias IKAR e Sovecon, informaram que a Rússia deve passar por uma redução nas estimativas de plantio, pois o país enfrentou, em setembro, problemas com excesso de umidade e alagamentos das áreas produtivas. Atualmente, no país, são 8,6 milhões de hectares semeados. Já o Ministério da Agricultura da Ucrânia, divulgou que serão 3,17 milhões de hectares semeados com o cereal, diferentes dos 4,6 milhões de ha que foram semeados na safra passada. Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos divulgaram, através do USDA, que a colheita de trigo no país foi menor do que o esperado, pois passaram por períodos de seca, que prejudicaram os cultivos. As previsões anteriores informavam 1,778 bilhões de bushels de trigo (81 milhões de sacas de 60 kg) para a safra 2022, porém o número fechou em 1,65 bilhões de bushels (75 milhões de sacas de 60 kg). Em relação à exportação…...