Trigo Balanço Mensal – Mai/24: preços disparam ainda mais, atingindo recordes no mês

Deixando esse movimento ainda mais claro para vocês, os futuros do contrato julho variaram no mês +13,22%, e o vencimento setembro +12,99%.

Tempo de leitura: 5 minutos

| Publicado em 03/06/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Trigo Brasil

O mês de maio foi positivo para os preços do trigo no mercado físico brasileiro, mas infelizmente, alguns acontecimentos que levaram a isto, não.

No país, o estado do Rio Grande do Sul passou por uma calamidade da natureza, onde fortes chuvas causaram enchentes na maioria das regiões produtoras, afetando principalmente a soja, milho e moinhos de trigo.

Em conversa com trabalhadores da região, recebi imagens e vídeos das condições das indústrias locais, e até mesmo moinhos que não estavam completamente inundados, sofreram perdas significativas e pararam suas atividades temporariamente.

Informações informam também que o plantio de cobertura para as áreas de trigo e cevada estão agora atrasados, uma vez que toda a chuva deixou campos repletos de lama, impossibilitados de trabalhar.

O plantio do trigo no RS geralmente tem início durante a segunda quinzena de junho.

De modo geral, devemos ver os preços internos do trigo subirem ainda mais nas próximas semanas, especialmente com as fortes altas no mercado externo.

Lembrando que o mercado está preocupado com a oferta mundial do cereal, uma vez que contamos com cortes na produção de trigo da Rússia, clima adverso na Ucrânia, França, Brasil, e lavouras de baixa qualidade nos EUA.

Na última semana de maio tivemos a atualização da Balança Comercial preliminar do mês no Brasil, com dados da Secex até a 4° semana de maio.

Durante os 17 dias úteis contabilizados, foram exportadas 55,033 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, o que representa 80,65% do volume total embarcado em todo o mês de maio em 2023.

Quanto às importações, para os mesmos 17 dias úteis, totalizaram 598,572 mil toneladas, já superando em 111,11% o volume total importado em todo o mês de maio em 2023.

Como já disse anteriormente, o aumento nas importações já era previsto pelo mercado, e vemos agora apenas uma aceleração semanal frente às inundações no Rio Grande do Sul.

Com os preços do trigo atingindo valores recordes no mercado externo, o mercado nacional eventualmente iria acompanhar o movimento, e é o que vêm acontecendo nas últimas semanas.

Especialmente com a alta necessidade de importação, os preços do trigo no mercado interno acabam seguindo a paridade de importação.

A Argentina, principal origem para as compras de trigo pelo Brasil, chegou a negociar a tonelada FOB à US$ 300.

No mês, a média da saca de trigo no Paraná apresentou uma variação de +12,36%, sendo negociada à R$ 74,55.

Para Santa Catarina, a variação mensal foi de +7,91%, levando a saca para R$ 70,00, e no Rio Grande do Sul a variação foi de +5,40%, com o trigo sendo negociado à R$ 65,56.

Trigo Mercado Externo

Vocês acham que o trigo valorizou bem no Brasil? É porque não viram no mercado externo!

As altas do trigo durante o mês de maio atingiram máximas no ano, levando o trigo SRW nos EUA a ser negociado à US$ 700,20 centavos por bushel lá na bolsa de Chicago!

Deixando esse movimento ainda mais claro para vocês, os futuros do contrato julho variaram no mês +13,22%, e o vencimento setembro +12,99%.

O principal suporte para as cotações está vindo das condições climáticas desfavoráveis para a cultura do trigo, as quais são vistas de forma intensa ao Sul do Brasil, Sul da Rússia, Ucrânia, Sibéria e EUA.

Na Rússia, a cultura do trigo estava sofrendo com déficit hídrico após fortes secas ao Sul, podendo apresentar uma significativa quebra na safra.

Não apenas isso, o clima está se tornando uma preocupação para o trigo de primavera, que deverá ter o plantio iniciado em algumas semanas.

Foi declarado estado de emergência nas regiões de Voronezh, Lipetsk e Tambov após a ocorrência de geadas, as quais apresentaram fortes chances de danificar as colheitas do trigo.

Segundo a SovEcon, a previsão para a produção do cereal está agora em 85,7 milhões de toneladas, um corte de 7,2 milhões!

A principal causa para o corte veio das condições climáticas adversas, especialmente ao Sul do país.

O tempo seco em conjunto temperaturas elevadas estão resultando em um déficit hídrico nas lavouras ao Sul, enquanto ocorrência de geadas atingem as lavouras na região Central.

Ainda no último final de semana do mês, o trigo na Rússia sofreu com uma onda de frio que atingiu a região, com queda brusca de temperatura em Volga e Rostov para -4°C.

Segundo Oksana Luft, Ministra da Agricultura da Rússia, o ministério está planejando declarar estado de emergência federal frente às geadas das últimas semanas, com prazo não determinado.

De modo geral na União Europeia, o Serviço de Monitorização de Colheitas (MARS) acabou reduzindo o rendimento do trigo mole, saindo de 5,93 toneladas/ha, para 5,92 toneladas/ha.

A Sibéria, principal região produtora de trigo de primavera, também está com uma situação complicada, uma vez que a umidade do solo estava abaixo das mínimas em 5 anos.

Voltando a falar dos EUA, a última semana do mês trouxe queda nas condições de lavouras, que até o dia 26 de maio estavam 48% entre boas/excelentes, 33% regulares e 19% ruins/péssimas.

Mesmo com a preocupação do mercado em torno da oferta mundial do cereal, os futuros ainda são pressionados pela baixa demanda pelo do norte-americano, isso ainda somado a valorização do dólar no dia.

Para entender melhor, temos os dados das vendas semanais para exportação de grãos nos EUA entre os dias 17 e 23 de maio, que para o trigo apresentaram reduções de 60,900 mil toneladas para 2023/24!

Quanto a safra 2024/25, as vendas na semana totalizaram 381,700 mil toneladas, destinadas para o Brasil, Indonésia, Japão, México e locais não revelados.

O movimento de queda se estendeu para a Euronext, onde o contrato setembro variou no dia -1,8%, encerrando a quinta-feira (30) cotado à US$ 280/t.

Falando agora da Argentina, estamos acompanhando a escalada dos preços naquela região.

Além da preocupação com a oferta global, o aumento pela demanda do trigo argentino de qualidade, também justifica as altas, com compras vindas principalmente do Brasil, onde os moinhos necessitam de trigo com pH panificável para a produção de farinha.

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