Brasil
Até o dia 28 de novembro, 98% nas lavouras tritícolas estavam colhidas no Paraná, ante 72% do início do mês. Restam poucas áreas a serem ceifadas no sudoeste do estado, pois foi a região mais afetada com a alta umidade, atrasando, até mesmo, o desenvolvimento das plantas. Segundo o Deral – PR todas as regiões foram afetadas pelas chuvas que prejudicaram as áreas de trigo, alterando a produtividade e qualidade dos grãos.
O trigo colhido no Paraná apresenta qualidade comprometida, conforme mencionado acima, e estima-se que apenas 50% de toda a safra do estado foi classificada como Tipo 1. Os demais 50% estão divididos entre Tipo 2 e 3, além de aproximadamente 5% de Feed Wheat.
Essas classificações alteraram o preço do lote do trigo, que ficou mais valorizado para o Tipo 1, sendo comercializado próximos aos R$ 1.800,00/tonelada e o Tipo 2 e 3, por R$ 1.400 – 1.600/tonelada. No pagamento ao produtor pela saca de trigo, foi visualizado um movimento oposto, com redução dos preços durante novembro.
Em Santa Catarina, a Epagri informou que foram colhidas 11,3% das áreas, até a terceira semana de novembro, em seu relatório mensal. Ainda restam 52,5% em maturação e 47,5% em florescimento. A empresa de pesquisa também informou que houve incremento de 35% em áreas e 37% em produção de trigo.
No Rio Grande do Sul a a colheita estava em 12%, no início do mês, quando a Emater divulgou o relatório de acompanhamento de safra, no dia 03. Naquela data, restavam ainda 62% das lavouras a completar a maturação. Na segunda semana já eram 37% colhidos, um avanço significativo, dentro de uma semana. Na última semana do mês a colheita do RS atingiu 76%, com os produtores aproveitando as condições climáticas ideais.
Em todo o país, a Conab estima que foram ceifadas 86,6% das áreas de trigo, com a maior qualidade presente no cereal do Rio Grande do Sul, onde o PH pode ultrapassar 80. A Conab manteve inalterada sua previsão para a safra 2022/23.
Em relação a participação na Balança Comercial brasileira, o trigo aparece em 9º lugar nas exportações de produtos agropecuários, participando com 71.959 toneladas, com a arrecadação de US$ 25.130,3 mil. As importações de trigo estão em 1º lugar, com a entrada de 316.209,4 toneladas e saída de US$ 120.819,4 mil.
A Balança Comercial de novembro teve saldo positivo de US$ 6,68 bilhões e, no acumulado de 2022, US$ 58,02 bilhões. As comercializações com Argentina, China, Hong Kong, Macau e União Europeia contribuíram para esse resultado.
Abaixo podemos verificar a precipitação acumulada dos últimos 30 dias, com umidade concentrada nas regiões que vão do litoral catarinense ao nordestino, adentrando o país, até a região norte, segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).
No mês de dezembro as precipitações ficarão concentradas nas regiões sudeste, centro oeste e norte. Com períodos mais secos no sul e nordeste.
Argentina
No início de novembro a BCR havia feito corte na produção de trigo da Argentina para 13,7 milhões de toneladas, vendo que as lavouras foram fortemente afetadas pela ocorrência de quadro geadas tardias.
Corroborando a BCR, a Bolsa de Cereales começou o mês alterando a previsão de colheita de 15,2 milhões de t para 14 milhões de toneladas. A Bolsa reportou também uma queda significativa da qualidade presente nas lavouras, com a presença de plantas com tamanho reduzido, espigas reduzidas e com queimaduras.
Na segunda semana de novembro, a BCR e a Bolsa de Cereales apresentaram novos dados, revisando as suas projeções da safra de trigo argentino. A BCR alterou a produção para 11,8 milhões de toneladas, com a perda de US$ 650 milhões em comercialização. Ainda reduziu as exportações para 7 milhões de toneladas e o consumo doméstico para 6,4 milhões de toneladas. A Bolsa de Cereales acompanhou essa decisão, revendo seus dados para a produção de 12,4 milhões de toneladas.
Apesar da abertura da colheita oficial da Argentina ter sido no dia 1º de dezembro, a colheita teve início no país na terceira semana de novembro, que chegou a 10% naquela data e, agora, são 12,5%. Ainda foram reportados a movimentação de 17,3 mil toneladas para exportação.
Na última fase do mês a BCR fez uma nova redução no volume para exportação, anunciando que serão 6,5 milhões de toneladas, deixando assim os estoques finais do país vizinho em 1,6 milhões de toneladas.
Um fator que ajudou na comercialização de trigo na Argentina, foi a decisão da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca em estender o prazo de entrega de lotes vendidos do cereal. A partir da data da DJVE, os embarques podem ser estendidos em 360 dias, entre os dias 1º de dezembro de 2022 a 28 de fevereiro de 2023. A decisão foi uma alternativa para que os exportadores pudessem cumprir os contratos, visto que a colheita de trigo será bem menor do que a safra passada.
Os preços do mercado interno argentino têm se comportado de maneira irregular, com as regiões menos afetadas apresentando preços atrativos ao mercado local e, os locais mais afetados, com preços mais altos.
Em relação aos valores do mercado futuro, as cotações argentinas são baseadas na Bolsa de Chicago, portanto não estão se comportando conforme os acontecimentos do mercado interno do país.
Para 01 a 07 de dezembro o Servicio Meteorológico Nacional da Argentina trás o prognóstico de precipitação acumulada e temperatura média do país, com chuvas irão cair da região central a norte, as mesmas áreas com maiores temperaturas.
Mercado Externo
Os preços de trigo foram agitados no início do mês, devido o suposto abandono da Rússia no Acordo de Grãos do Mar Negro, que logo voltou e permaneceu ativo. Até esse momento, não havia discussões sobre a extensão do contrato entre Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU, e a preocupação girava em torno do abastecimento de alimentos aos países mais necessitados.
Na segunda semana do mês, a ONU anunciou a retomada das negociações entre os países do leste europeu, mas a Rússia ainda não estava convencida. Parte da resistência das autoridades russas era decorrente das sanções comerciais não terem amenizado, com sua participação no ajuste, já que diversas cargas de fertilizantes estavam retidas em alguns portos europeus.
Apenas na terceira semana que o Acordo de Grãos foi prorrogado, por 120 dias, com a autorização do escoamento de produtos agrícolas e fertilizantes, após inspeção das cargas. O mercado reagiu a essa notícia, ocorrendo queda das cotações dos contratos futuros, da maioria das commodities, com destaque ao trigo.
Indicando que a Rússia está entre os maiores produtores de trigo do mundo, o saldo exportável do país está estimado em 43,5 milhões de toneladas do cereal, com o envio mensal de 4 a 5 milhões de toneladas ao exterior.
Outro grande produtor de trigo, o Canadá, anunciou que a safra atual deve completar os 34,7 milhões de toneladas, com consumo interno de 9,1 milhoes e exportação de 23,3 milhões de t.
Nos Estados Unidos o plantio de trigo atingiu 100% durante novembro, com a emergência das sementes em 91% das áreas. As condições sanitárias estão em maioria boas e regulares. Relativo à exportação, o país realizou a inspeção de 198,5 mil toneladas, para envio ao México, Etiópia e Espanha, até o dia 24 de novembro. O saldo de inspeções em 2022 totalizou 10,489 milhões de toneladas. As vendas da última semana foram de 155,5 mil toneladas, para Argélia, México, Japão, Nigéria e Coréia do Sul.