Soja Balanço Mensal – Mai/24: grão brasileiro mais competitivo que o norte-americano

O principal suporte para a alta da soja no mercado externo veio de seus derivados, em especial o óleo de soja.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 03/06/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Soja Brasil

O mês de maio foi positivo para os preços da soja no mercado físico brasileiro, mas infelizmente, alguns acontecimentos que levaram a isto, não.

No país, o estado do Rio Grande do Sul passou por uma calamidade da natureza, onde fortes chuvas causaram enchentes na maioria das regiões produtoras, afetando principalmente a soja e o milho.

Lembrando que o estado é o 2° maior produtor de soja no país.

Contamos também com a atualização da Balança Comercial preliminar do mês, com dados da Secex até a 4° semana de maio.

Durante os 17 dias úteis contabilizados, foram exportadas 11,204 milhões de toneladas de soja, volume que representa 71,89% do total exportado em todo o mês de maio em 2023.

Até está 4° semana a média diária de embarques foi de 659,093 mil toneladas.

Em especial na última semana, acompanhamos os preços internos da soja subirem, apoiados nas altas do mercado externo, e nos prêmios locais.

No estado do Paraná, a média da saca variou +6,07% no mês, em Santa Catarina +4,98%, e no Mato Grosso do Sul +7,98%.

Tivemos também na última semana, as atualizações nas estimativas da Anec para este mês de maio, prevendo um novo volume de 13,74 milhões de toneladas de soja a serem exportadas, uma redução de 100 mil toneladas ante aos números da semana anterior.

As exportações do farelo de soja devem totalizar 2,08 milhões de toneladas no mês, também abaixo das estimativas da semana anterior, de 2,29 milhões de toneladas.

Falando um pouco dos trabalhos no campo, no Rio Grande do Sul a colheita da soja avançou para 94% das áreas totais até a última semana do mês, avanço semanal de apenas 3 pontos percentuais.

Segundo a Emater, haverá uma nova estimativa para a produção no estado, que antes das enchentes estava prevista em 22 milhões de toneladas.

Os danos causados nas lavouras estão em grãos germinados, mofo, debulha natural, atraso na colheita devido a umidade do solo, e por fim umidade do próprio grão, ficando em torno de 30% e longe do ideal de 14%.

Soja Mercado Externo

As altas da soja se estenderam para o mercado externo, e vemos os principais contratos na bolsa de Chicago contarem com uma variação mensal positiva.

O vencimento julho variou +2,97%, e o agosto +2,71%.

O principal suporte para a alta da soja veio de seus derivados, especialmente o óleo de soja.

Os futuros do óleo de soja contaram com valorizações significativas frente a menor disponibilidade de óleo vegetal no mercado, o que acabou favorecendo as exportações do derivado norte-americano.

Dados de esmagamento da soja nos EUA, foram liberados pelo NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas nos EUA).

Segundo a Associação, em abril foram esmagadas 4,52 milhões de toneladas de soja, o que veio abaixo do esperado pelo mercado, e apresentou uma queda de 370 mil toneladas ante ao mês anterior.

Os estoques do óleo de soja ficaram em 1,755 bilhões de libras, uma queda de 5,2% ante ao mês anterior.

Do lado do farelo, a preocupação também é com a oferta, uma vez que os números para esmagamento nos EUA vieram abaixo do esperado, e tivemos o incidente das inundações no Rio Grande do Sul/Brasil.

O início de maio também trouxe altas atreladas ao fundamento de oferta X demanda para o grão.

Do lado da demanda, estávamos acompanhando greves locais na Argentina, que afetaram a exportação de grãos do país, levando muitos compradores a buscarem o grão norte-americano.

Do lado da oferta, o clima úmido nos EUA e atraso no plantio chamou a atenção na sessão daquela segunda-feira (06).

Ao final daquela primeira semana, tivemos ainda a liberação do relatório WASDE, com previsões para as safras 2023/24 e 2024/25.

Para a safra 2023/24 o USDA não trouxe alterações significativas, e vemos uma produção mundial estimada em 396,95 milhões de toneladas, com um corte de 1 milhão de toneladas na produção brasileira.

Já para 2024/25, as previsões foram otimistas, de uma produção mundial de 422,26 milhões de toneladas.

A produção no Brasil foi prevista em 169 milhões de toneladas, nos EUA em 121,11 milhões, e Argentina 51 milhões de toneladas.

Ao final do mês, os futuros da oleaginosa passaram a cair forte em Chicago, com as cotações sendo pressionadas pelo rápido avanço do plantio nos EUA, e a definição da taxa PTAX no Brasil, que deixou o grão brasileiro ainda mais barato que o norte-americano.

Até o dia 26 de maio, o plantio da soja nos EUA havia chegado a 68% do total, 5 pontos percentuais acima da média em 5 anos.

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