Milho Balanço Semanal: Cotações em Chicago avançam marginalmente e B3 opera em campo negativo

Demanda firme por etanol e exportações sustenta preços externos, enquanto resistência dos produtores e liquidez restrita pressionam o mercado brasileiro.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 27/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Milho – Mercado Externo

As cotações internacionais do milho encerraram a última semana em trajetória predominantemente lateral, ainda que com leve viés positivo. Na Bolsa de Chicago (CBOT), o contrato com vencimento em dezembro registrou avanço de 0,19% em relação à semana anterior, sendo negociado a US$ 4,23 por bushel, enquanto o vencimento de março acompanhou o movimento, com valorização de 0,14%, a US$ 4,37 por bushel.

Na sexta-feira (24), o mercado passou por uma correção técnica de baixa, reflexo do movimento de realização de lucros. Investidores que haviam se posicionado comprados, apostando em cotações mais elevadas, optaram por liquidar posições após o milho atingir, na quinta-feira, o maior patamar em um mês.

A demanda aquecida tem se mantido como um dos principais fatores de sustentação dos preços. A produção de etanol, que alcançou 1,112 milhão de barris na semana encerrada em 17 de outubro, registrou o maior volume desde 6 de junho, conforme dados da Administração de Informação de Energia (EIA).

Outro indicador de firmeza da demanda é o avanço nas inspeções de embarques. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 16 de outubro as inspeções totalizaram 1,317 milhão de toneladas, aumento de 8,9% frente à semana anterior e 31,6% acima do mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os volumes inspecionados atingem 9,338 milhões de toneladas, representando crescimento expressivo de 60,6% frente ao mesmo intervalo do ano passado (5,814 milhões de toneladas).

Entretanto, o avanço da colheita norte-americana, somado às incertezas geopolíticas e ao impasse comercial entre China e Estados Unidos, segue no radar dos agentes, limitando o potencial de valorização do cereal.

Milho – Mercado Interno

O mercado doméstico de milho apresentou comportamento divergente em relação ao cenário internacional, operando em campo negativo ao longo da semana. Na B3, o contrato para novembro recuou 1,77%, encerrando a R$ 67,19 por saca, enquanto o vencimento de janeiro cedeu 1,22%, negociado a R$ 70,68 por saca.

No mercado físico, as cotações registraram movimentos mistos entre as principais praças. Santa Catarina apresentou recuo, São Paulo manteve estabilidade, e as demais regiões exibiram ajustes positivos. O Indicador Esalq/B3 (Campinas/SP) fechou a sexta-feira a R$ 65,66 por saca, leve alta de 0,2% frente à semana anterior. As maiores valorizações ocorreram em Mato Grosso (+1,44%; R$ 45,94/saca), Minas Gerais (+1,15%; R$ 59,68/saca) e Goiás (+0,72%; R$ 54,38/saca).

Os produtores seguem resistentes em aceitar preços menores, restringindo a oferta imediata e reduzindo a liquidez nas negociações. Por outro lado, os consumidores mantêm postura cautelosa, postergando aquisições diante da ausência de preocupação com estoques no curto prazo. Essa dinâmica tem resultado em um ritmo mais lento de comercialização.

As atenções dos agentes concentram-se na formação das cotações futuras, acompanhando a volatilidade cambial, a paridade de exportação e o avanço das condições climáticas sobre o plantio e desenvolvimento da nova safra. Apesar da concorrência acirrada do milho norte-americano, os prêmios portuários seguem firmes, fornecendo suporte adicional aos preços internos.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro (13 dias úteis), as exportações brasileiras de milho totalizaram 3,57 milhões de toneladas, equivalentes a 55,8% do volume embarcado em outubro de 2024, quando foram exportadas 6,40 milhões de toneladas ao longo de 22 dias úteis.

Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 19 de outubro, 33,2% da área prevista para o plantio nacional já havia sido semeada. Em Minas Gerais, as atividades ocorrem de forma pontual, ajustando-se ao regime de chuvas. No Rio Grande do Sul, o avanço é consistente nas áreas de cultivo tardio, favorecido pelas condições climáticas favoráveis, que asseguram bom desenvolvimento vegetativo.

No Paraná, a semeadura está próxima da conclusão, com as chuvas recentes beneficiando especialmente a região norte, anteriormente afetada por déficit hídrico. Já em Santa Catarina, o excesso de precipitação no meio-oeste interrompeu temporariamente o plantio. Apesar de episódios de frio e baixa luminosidade terem limitado o crescimento em algumas áreas, o desenvolvimento das lavouras é considerado satisfatório de modo geral.

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