Trigo – Mercado Externo
O mercado internacional de trigo iniciou a semana sob forte pressão baixista nesta segunda-feira (22). Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos do trigo SRW registraram perdas expressivas: o vencimento de dezembro caiu 2,26%, negociado a US$ 5,10/bushel, enquanto o contrato de março recuou 2,07%, cotado a US$ 5,29/bushel.
Na bolsa de Kansas, as cotações do trigo HRW também recuaram. O contrato de dezembro encerrou em queda de 0,99%, a US$ 5,02/bushel, e o de março perdeu 1,06%, fechando a US$ 5,23/bushel.
A pressão negativa ganhou força após o governo argentino suspender temporariamente, até 31 de outubro, as tarifas de exportação sobre grãos e derivados. A decisão abrange soja, milho, trigo e girassol, com o objetivo de estimular as vendas externas e reforçar as reservas internacionais do Banco Central, que enfrenta dificuldades em recompor os estoques cambiais. Com isso, o trigo argentino tende a ganhar ainda mais competitividade no mercado global, embora o impacto seja limitado pela natureza transitória da medida.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura (USDA) informou que, até 21 de setembro, cerca de 20% da área destinada ao trigo de inverno já havia sido semeada, avanço de 9 pontos percentuais em relação à semana anterior. Apesar disso, o ritmo segue 3 pontos abaixo do observado em igual período de 2024 e da média dos últimos cinco anos. Quanto ao trigo de primavera, a colheita alcançou 96% da área, avanço de 2 pontos frente à semana anterior e alinhado ao desempenho médio histórico.
As inspeções semanais de exportação dos EUA atingiram 854 mil toneladas até 18 de setembro, alta de 13% frente à semana passada e de 17,9% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado da temporada, os embarques somam 8,711 milhões de toneladas, crescimento de 12,7% frente às 7,732 milhões registradas no mesmo intervalo do ano anterior.
No Canadá, dados da Statistics Canada apontam que a produção de trigo em 2025 deve avançar 1,9% sobre o ano anterior, alcançando 36,6 milhões de toneladas. Esse aumento decorre principalmente da elevação de 1,8% na produtividade, estimada em 51,1 bushels por acre. A área colhida deve se manter praticamente estável, com leve alta de 0,1%, para 26,3 milhões de acres. O crescimento é puxado pelo trigo de primavera, projetado em 26,6 milhões de toneladas (+0,3%), e pelo trigo duro, estimado em 6,5 milhões (+2,4%).
Na Austrália, autoridades sanitárias manifestaram preocupação após a detecção de larvas do besouro khapra em fraldas importadas comercializadas em supermercados. A praga é considerada uma das maiores ameaças ao setor de grãos do país, podendo comprometer estoques internos e inviabilizar exportações. Segundo o Ministério da Agricultura australiano, a eventual disseminação da infestação poderia levar parceiros comerciais a rejeitarem os embarques do país, gerando prejuízos significativos. O besouro khapra, originário da Índia, já se espalhou por diversas regiões da Ásia, África e Europa.
Na Europa, a associação especializada em comércio agrícola COCERAL revisou para cima sua projeção de produção de trigo (excluindo o trigo duro), agora estimada em 147,4 milhões de toneladas. O volume supera as 143,1 milhões de toneladas previstas em junho e as 125,6 milhões obtidas no ano passado. O ajuste reflete resultados melhores na França, Alemanha, Polônia e no sudeste europeu, em função do clima favorável e da produtividade acima do esperado após o fim da colheita em quase todas as regiões.
Na Rússia, o Ministério da Agricultura anunciou que a tarifa de exportação de trigo será elevada para 655,6 rublos por tonelada a partir de 24 de setembro, contra 495,9 rublos da semana anterior, um aumento de quase 50%. A base de cálculo considera um preço indicativo de US$ 226/tonelada, enquanto o preço de referência foi mantido em 18.000 rublos/tonelada. O imposto equivale a 70% da diferença entre o preço de referência e o indicativo.
Na Ucrânia, segundo o serviço aduaneiro do país, as exportações de trigo somaram 4,02 milhões de toneladas até 22 de setembro, desde o início da temporada 2025/26. O volume, no entanto, é inferior ao registrado no mesmo período do ciclo anterior, quando o país embarcou 5,59 milhões de toneladas.
