Trigo – Mercado Externo
O mercado internacional de trigo encerrou a segunda-feira (06) em trajetória negativa nas principais bolsas de referência. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos do trigo tipo SRW registraram ajustes moderados: o vencimento de dezembro recuou 0,5%, encerrando a sessão a US$ 5,12 por bushel, enquanto o contrato de março apresentou retração de 0,41%, cotado a US$ 5,30 por bushel.
Na Bolsa de Kansas, o trigo do tipo HRW seguiu a mesma tendência baixista. O contrato de dezembro caiu 0,32%, sendo negociado a US$ 4,95 por bushel, e o de março apresentou redução de 0,27%, finalizando a US$ 5,17 por bushel.

Os fundamentos de mercado continuam exercendo pressão sobre as cotações globais. A oferta mundial permanece ampla, com as principais regiões produtoras sustentando projeções de colheitas volumosas, o que reforça o quadro de abundância no abastecimento internacional.
Outro elemento que contribui para a retração nos preços é a paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, que completou seis dias na segunda-feira. O Departamento de Agricultura (USDA) mantém suas atualizações suspensas em razão do shutdown, restringindo o acesso a informações essenciais para os agentes de mercado. Esse cenário de incerteza leva investidores a adotar uma postura mais cautelosa, reduzindo a volatilidade e o volume de negócios nas bolsas.
Desde o início da paralisação, o único relatório divulgado pelo USDA refere-se às inspeções de embarques. Até 2 de outubro, os volumes totalizaram 505 mil toneladas, queda de 42,2% em relação à semana anterior, mas avanço de 38,5% frente ao mesmo período de 2024. No acumulado da temporada, os embarques somam 10,177 milhões de toneladas, alta de 17,7% em comparação às 8,649 milhões registradas no ciclo anterior.
Bangladesh aprovou a compra de cerca de 220 mil toneladas de trigo norte-americano sob um acordo intergovernamental que busca reduzir tensões comerciais com Washington, após a imposição de tarifas de importação pelos Estados Unidos. O compromisso integra um memorando de entendimento firmado em julho, que prevê a importação anual de 700 mil toneladas de trigo dos EUA ao longo dos próximos cinco anos, com o objetivo de diversificar fornecedores e fortalecer as relações comerciais entre os países.
Na Rússia, o Ministério da Agricultura anunciou nova redução na taxa de exportação do trigo local. A alíquota passará a ser de 493,4 rublos por tonelada a partir de 8 de outubro, valor 20% inferior aos 617,7 rublos da semana anterior. As tarifas atualizadas permanecerão válidas até 14 de outubro.
Paralelamente, a consultoria SovEcon revisou para cima sua estimativa de exportações de setembro, elevando-a em 0,3 milhão de toneladas, para 4,6 milhões, e projetou 5 milhões de toneladas para outubro. A agência IKAR também revisou sua projeção para setembro, de 4,1–4,2 milhões para 4,5 milhões de toneladas, mantendo a previsão de 4,5 milhões para o mês seguinte.
Na Ucrânia, observa-se uma recuperação gradual na demanda externa pelo cereal. As exportações de trigo alcançaram 1,8 milhão de toneladas em setembro, tendo como principais destinos Egito, Indonésia, Argélia, Vietnã e Iêmen.
Na Austrália, as condições climáticas seguem favoráveis no norte do país, onde as lavouras apresentam expectativa de produtividade acima da média histórica. Contudo, a previsão de temperaturas superiores a 30°C em grande parte do cinturão agrícola do leste e sul nos próximos dias tende a intensificar o estresse hídrico nas áreas de enchimento de grãos.
Por fim, na Argentina, as projeções são amplamente positivas. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires elevou sua estimativa de produção para a safra 2025/26, agora em 22 milhões de toneladas, apontando produtividade próxima a níveis recordes, impulsionada pela elevada umidade do solo. O país, principal fornecedor de trigo ao Brasil, tem cerca de 97% de suas lavouras classificadas entre condição normal e excelente, sustentadas pelas chuvas abundantes que reforçaram as reservas de água nos solos férteis das regiões produtoras.