Trigo Brasil
O mercado brasileiro de trigo manteve, nesta quinta-feira (02), o cenário de retração nos preços, refletindo a elevada disponibilidade do cereal e a menor disposição dos compradores em efetivar negócios. De acordo com o indicador Cepea/Esalq, o Paraná registrou cotação de R$ 1.240,89 por tonelada para o trigo pão ou melhorador, queda expressiva de 2,5%. No Rio Grande do Sul, o trigo brando apresentou leve desvalorização, sendo negociado a R$ 1.214,43 por tonelada.
No mercado físico, a maior parte das regiões permaneceu com preços estáveis. A exceção foi Santa Catarina, que apresentou recuo acentuado de 4,5%, com valor médio de R$ 64,33 por saca. Já no Rio Grande do Sul, a saca foi comercializada a R$ 65,08, enquanto no Paraná o preço médio se situou em R$ 65,79.

No Paraná, produtores relatam que as atuais cotações estão abaixo do custo variável, estimado em R$ 74,64 por saca no terceiro trimestre. Esse quadro já era antecipado, uma vez que o estado reduziu em 25% a área destinada ao cultivo nesta temporada, totalizando 825 mil hectares e uma projeção de colheita de 2,68 milhões de toneladas. Historicamente, outubro tende a acentuar a pressão sobre os preços no Paraná, devido ao avanço da colheita local e à proximidade da entrada da safra gaúcha e argentina.
Segundo o Departamento de Economia Rural (DERAL), até 29 de setembro, 53% da área plantada no Paraná já havia sido colhida. As condições das lavouras seguem majoritariamente favoráveis, com 90% classificadas como boas, 9% medianas e apenas 1% ruins. Embora geadas e tempestades tenham provocado perdas pontuais em algumas regiões, a produtividade geral permanece satisfatória, com resultados em alguns casos acima do esperado.
No Rio Grande do Sul, levantamento da Emater/RS indica que, até o dia 1 de outubro, a safra de trigo mantém potencial elevado. Das áreas implantadas, 13% encontram-se em desenvolvimento vegetativo, 37% em floração, 40% em enchimento de grãos e 10% em fase de maturação.
As condições climáticas recentes, marcadas por tempo seco e elevada luminosidade, favoreceram o desenvolvimento do cereal, especialmente em fases críticas como a floração e o enchimento dos grãos. Esse ambiente contribuiu para maior uniformidade no ciclo produtivo e potencial de acúmulo de matéria seca, refletindo boas expectativas para a colheita. O manejo fitossanitário também foi intensificado de forma preventiva em áreas com histórico de doenças fúngicas, buscando assegurar o desempenho produtivo.