Trigo Brasil: Mercado segue com preços estáveis e com ritmo lento nas negociações

Estoques elevados mantém moinhos contidos. Produtores seguem insatisfeitos com atual patamar de preços, postergando as negociações. Deral estima produtividade recorde no PR, mas segue perdendo protagonismo ante o estado do RS.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 31/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo Brasil

O mercado doméstico de trigo encerrou a quinta-feira (30) em ambiente de estabilidade, apenas com incrementos marginais. Conforme o indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi negociado a R$ 1.193,61 por tonelada, registrando leve acréscimo de 0,1% em relação ao pregão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando teve valorização moderada de 0,2%, alcançando R$ 1.084,59 por tonelada.

No mercado físico, as referências também permaneceram praticamente estáveis, com exceção do Paraná, onde a média diária sofreu ligeiro recuo de 0,19%, situando-se em R$ 64,18 por saca. No Rio Grande do Sul, o valor médio está em R$ 60,09 por saca, enquanto em Santa Catarina a cotação se mantém próxima de R$ 62,50 por saca.

Os fundamentos que moldam o comportamento do mercado permanecem praticamente inalterados. A ampla disponibilidade global continua limitando movimentos de alta, ao mesmo tempo em que o avanço da colheita nacional e a demanda interna contida moderam qualquer impulso altista mais contundente. Os estoques elevados reforçam esse cenário, com moinhos atuando de forma pontual nas compras e produtores demonstrando resistência ao nível atual de preços, optando por postergar negociações. Além disso, o câmbio relativamente estável ao longo da semana segue favorecendo as importações, adicionando pressão adicional às cotações domésticas.

O boletim semanal do Emater/RS, divulgado no dia 30, indica avanço acelerado da colheita no Rio Grande do Sul, favorecido por condições climáticas predominantemente secas e ventos constantes, que reduziram a umidade dos grãos e otimizaram o desempenho das máquinas no campo. Estima-se que 27% da área cultivada já tenha sido colhida, enquanto 42% encontra-se em maturação, 28% em enchimento de grãos e 3% ainda em floração. As produtividades variam significativamente, entre 2.100 e 4.200 kg/ha, reflexo do regime de chuvas, do padrão tecnológico e das práticas de manejo adotadas.

Nas áreas em fase final de maturação, a qualidade dos grãos permanece satisfatória, com peso hectolitro variando entre 78 e 84 pontos, dentro do padrão comercial. Contudo, episódios de chuva mais intensa em algumas regiões provocaram perda localizada de rendimento e redução no PH, especialmente onde a operação de colheita sofreu atrasos. A área estadual é estimada em 1,141 milhão de hectares, com produtividade média prevista em 3.261 kg/ha.

No Paraná, o boletim do Departamento de Economia Rural (Deral), também divulgado no dia 30, aponta continuidade no avanço da colheita, com desempenho positivo apesar das limitações causadas pelas chuvas. A sequência de dias ensolarados na semana anterior permitiu maior secagem dos grãos e levou o estado a colher 83% dos 819 mil hectares semeados em 2025.

As áreas já colhidas registram produtividades acima de 3.300 kg/ha, e há expectativa de desempenho ainda superior nas regiões do Sul, onde se concentra a maior parte da área remanescente. A tendência é de confirmação de um novo recorde estadual, superando os 3.173 kg/ha observados em 2016, mesmo diante de ocorrências pontuais de déficit hídrico, geadas e relatos de menor investimento em algumas lavouras.

Ainda assim, a produtividade elevada não se traduzirá em safra volumosa, dado o forte recuo da área plantada, que encolheu 25% frente ao ano anterior (1,11 milhão de hectares). A produção estimada para 2025 deve se aproximar de 2,75 milhões de toneladas, um avanço de 18% sobre a colheita de 2024 (2,32 milhões de toneladas), mas ainda distante das 3,66 milhões alcançadas em 2023, patamar próximo da capacidade de moagem estadual.

Com esse cenário, o Paraná deve novamente colher menos trigo do que o Rio Grande do Sul. Embora tenha se consolidado como principal produtor nacional a partir da década de 1980, o estado vem perdendo protagonismo nos últimos anos, enquanto os gaúchos retomam a liderança que exerciam na década de 1970.

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