Trigo Brasil
O mercado doméstico do trigo encerrou a quinta-feira (6) com comportamento majoritariamente estável. De acordo com o indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi cotado a R$ 1.197,67 por tonelada, registrando leve retração de 0,2% frente ao pregão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando permaneceu inalterado, negociado a R$ 1.054,15 por tonelada.
No mercado físico, as referências regionais também seguiram sem oscilações relevantes. No Rio Grande do Sul, a saca foi comercializada a um valor médio de R$ 59,15. No Paraná, o preço médio ficou em R$ 64,19 por saca, enquanto em Santa Catarina a média estadual atingiu R$ 62,45 por saca.

As transações seguem em ritmo moroso, com operações pontuais e menor liquidez. Esse movimento reflete a conduta mais prudente dos moinhos, que aguardam maior clareza sobre o padrão de qualidade e o volume efetivo da nova safra antes de ampliar suas posições de compra.
No Rio Grande do Sul, o fluxo de negócios permanece bastante restrito, com lotes menores e negociações esparsas. A ampla disponibilidade de grãos, aliada à proximidade da colheita, acentua a pressão sobre os preços internos. A combinação de cotações depreciadas, sucessivas quebras de safra por problemas climáticos e custos operacionais elevados tem comprimido de forma severa as margens dos produtores gaúchos.
Em Santa Catarina, o avanço da colheita adiciona os primeiros lotes ao mercado, porém os agricultores seguem relutantes em aceitar valores mais baixos. A distância entre as expectativas de venda e a capacidade de pagamento dos moinhos tem limitado a efetivação de novos contratos.
No Paraná, as indústrias de moagem continuam priorizando o trigo argentino, que chega ao país com preços mais competitivos e qualidade superior. Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), o valor recebido pelos produtores locais segue em queda, com média de R$ 64,10 por saca, resultado que representa perdas de 14,06% em relação aos custos de produção estimados.
No comércio exterior, dados consolidados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, em outubro (22 dias úteis), o Brasil importou 533 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, queda de 3,4% frente ao volume registrado no mesmo mês do ano anterior (552 mil toneladas). O valor médio pago pela tonelada importada foi de US$ 227,35, recuo de 8,2% frente a outubro de 2024, refletindo sobretudo a desvalorização do dólar no período.

No campo, o Paraná continua enfrentando adversidades climáticas relevantes, como excesso de precipitações e episódios de granizo, que comprometem o padrão do trigo tipo 1. Segundo o Deral, até 3 de novembro, 88% da área cultivada havia sido colhida.
No Rio Grande do Sul, a colheita atingiu 42% da área semeada, percentual inferior à média das últimas cinco temporadas (64%) para o mesmo intervalo, conforme o boletim do Emater/RS. A defasagem está associada à maturação mais lenta das lavouras, influenciada pela alternância de períodos chuvosos e temperaturas amenas em setembro e outubro, prolongando as fases vegetativa e de enchimento de grãos. Ainda assim, a qualidade industrial permanece dentro dos padrões exigidos para panificação e moagem, comparável aos melhores anos de desempenho do estado.
