O mercado brasileiro de trigo permanece em compasso de espera neste início de setembro, refletindo cenários distintos entre os estados do Sul do país.
No Rio Grande do Sul, o ambiente segue estável, com negociações pontuais e compradores adotando postura cautelosa diante da proximidade da nova safra, prevista para outubro. A cotação média gira em torno de R$69,93/saca.
A demanda permanece restrita ao curto prazo, já que os moinhos estão abastecidos até o próximo mês. A expectativa é de que, ao longo de setembro, os estoques da safra antiga se esgotem nas mãos dos armazenadores, ficando sob controle da indústria moageira.
Em Santa Catarina, os primeiros lotes da safra 2025 começam a ser ofertados, mas a produção deve apresentar queda expressiva, estimada em 16,77%. No mercado físico, a saca de trigo é comercializada, em média, por R$74,04.
No Paraná, a colheita já foi iniciada em algumas áreas mais adiantadas, embora ainda de forma parcial devido à umidade dos grãos. A expectativa é de intensificação dos trabalhos nas próximas semanas.
Segundo o Departamento de Economia Rural (DERAL), 80% das lavouras apresentam boas condições, 14% estão medianas e 6% em situação ruim. O preço médio no estado é de R$75,23/saca.
Adicionalmente, o indicador Cepea/Esalq registrou no Paraná a cotação de R$1.408,24/tonelada para o trigo pão ou melhorador, praticamente estável no comparativo diário. Já no Rio Grande do Sul, a tonelada do trigo brando foi cotada a R$1.282,12, ligeira alta de 0,1% em relação ao dia anterior.

No cenário nacional, mesmo com a estimativa de produção menor em 2025, projetada em 7,5 milhões de toneladas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a proximidade da colheita pode exercer pressão sazonal de baixa sobre as cotações. Além disso, fatores externos reforçam a tendência de queda.
Nos Estados Unidos, a colheita do trigo de primavera avança em ritmo acelerado, favorecida por condições climáticas secas, o que amplia a oferta ao mercado. Na Austrália, a expectativa também é otimista: a produção deve variar entre 32 e 35 milhões de toneladas, superando a estimativa de 31 milhões de toneladas do USDA.
Na Argentina, as perspectivas seguem positivas. De acordo com a Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA), 84,8% das lavouras apresentam condições hídricas adequadas ou excelentes, enquanto 99,5% estão em estado normal ou ótimo. O USDA projeta a safra argentina em cerca de 20 milhões de toneladas, parte das quais será destinada ao Brasil, o que tende a intensificar a pressão sobre os preços domésticos.