Trigo Brasil
O mercado brasileiro de trigo encerrou a quinta-feira (13) com um quadro predominantemente estável. Segundo o Indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi negociado a R$ 1.191,63 por tonelada, ligeiro recuo de 0,2% frente ao pregão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando permaneceu estático, cotado a R$ 1.041,73 por tonelada.
No mercado físico, as referências estaduais também não registraram variações expressivas. No Rio Grande do Sul, a saca foi comercializada a R$ 57,16. No Paraná, o preço médio alcançou R$ 64,24 por saca, enquanto em Santa Catarina a média situou-se em R$ 62,54.

A dinâmica de comercialização segue contida, com operações lentas e postura cautelosa por parte da indústria. No Rio Grande do Sul, moinhos continuam adquirindo volumes reduzidos, combinando trigo antigo ao recém-colhido para reduzir o custo médio de moagem. A ampla disponibilidade interna tende a evitar posições demasiadamente compradas no início de 2025. Em Santa Catarina, o ambiente permanece travado, onde a oferta é limitada e a pedida acima do que os moinhos estão dispostos a pagar, tornando o abastecimento dependente do trigo gaúcho. No Paraná, a indústria opera confortavelmente abastecida no curto prazo.
No campo, a Emater/RS elevou a estimativa de área colhida no Rio Grande do Sul de 42% para 60% do total semeado. Ainda assim, o ritmo segue abaixo da média dos últimos cinco anos, quando o índice era de 77% nesta mesma etapa. A qualidade permanece, em geral, satisfatória, com peso hectolitro (PH) predominantemente superior a 78. Contudo, o excesso de chuvas em algumas regiões provocou redução pontual de PH e início de germinação na espiga, prejudicando o padrão industrial do cereal. A área cultivada é estimada em 1.141.224 hectares, com produtividade média de 3.261 kg/ha.
No Paraná, conforme o Departamento de Agricultura Rural (Deral), áreas afetadas por granizo apresentam danos significativos. Mesmo sob a influência das precipitações, a colheita avança, mantendo boa produtividade, embora com perda de qualidade. Do total plantado, 92% já foram colhidos. Das áreas totais, 81% das áreas apresentam boas condições e 19% condições médias.
A rentabilidade do cultivo continua sendo um dos principais pontos de preocupação entre produtores. Os preços deprimidos têm reduzido margens e podem resultar em retração da área plantada para 2026. Em resposta às dificuldades, muitos agricultores diminuíram os investimentos tecnológicos como forma de contenção de prejuízos, o que se refletere em produtividade inferior e grãos de menor qualidade.
Embora a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tenha anunciado, na semana anterior, aporte de R$ 67 milhões para apoiar a comercialização no Rio Grande do Sul e no Paraná, agentes consideram a medida insuficiente diante do atual cenário.
No boletim divulgado em 13 de novembro, a Conab revisou a projeção de produção nacional para 7,68 milhões de toneladas, representando leve queda de 0,1% frente ao relatório anterior e recuo de 2,6% frente à temporada passada. A área cultivada foi ajustada para baixo em 0,2% e deverá ser 20,1% menor que a de 2024.
As importações foram revisadas para 6,70 milhões de toneladas, incremento mensal de 1,1%, mas redução de 1,9% na comparação anual. O consumo doméstico permaneceu estável em 11,8 milhões de toneladas, ligeiro declínio de 0,7% ante o ano anterior. Os estoques finais foram elevados para 1,91 milhão de toneladas, avanço de 3,2% frente à estimativa anterior e expressivos 39,3% acima do fechamento da safra passada.

