Trigo Brasil
O mercado brasileiro de trigo encerrou a quinta-feira (23) sob um cenário de estabilidade. De acordo com o indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi negociado a R$ 1.193,18 por tonelada, recuo marginal de 0,2% frente à sessão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando manteve-se inalterado, cotado em R$ 1.104,95 por tonelada.
No mercado físico, as cotações também apresentaram comportamento estável, exceto em Santa Catarina, onde o preço médio avançou 1,4% no comparativo diário, alcançando R$ 62,60 por saca. No Rio Grande do Sul, o valor médio segue em R$ 61,50/saca, enquanto no Paraná a média é de R$ 64,49/saca.

Os moinhos permanecem reticentes nas compras, e o mercado doméstico demonstra baixa liquidez diante da valorização do real e da escassez de negócios relevantes. No Rio Grande do Sul, há maior interesse de moinhos de fora do estado, porém sem efetivação de contratos, uma vez que o produto ainda não está disponível nas regiões de maior demanda. Em Santa Catarina, o mercado segue praticamente paralisado, com a colheita ainda por iniciar. No Paraná, produtores rurais observam queda contínua na rentabilidade, conforme os custos de produção superam os preços recebidos. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o custo médio de produção está em R$ 74,63 por saca, resultando em um prejuízo estimado de cerca de R$ 10 por saca.
No campo, as lavouras do Rio Grande do Sul apresentam bom desempenho agronômico. Conforme a Emater/RS, 38% das áreas encontram-se na fase de enchimento de grãos e 45% em maturação, enquanto a colheita avança gradualmente, atingindo 10% da área total, sobretudo nas regiões de semeadura mais precoce. As condições meteorológicas recentes, caracterizadas por temperaturas amenas, boa luminosidade e menor umidade, favoreceram tanto a maturação quanto o início da colheita.
De modo geral, as lavouras exibem elevado potencial produtivo, especialmente aquelas conduzidas com manejo adequado de adubação e controle fitossanitário. Os grãos colhidos têm apresentado, em sua maioria, índice de PH acima de 78, sinalizando boa qualidade industrial. As produtividades variam entre 2.400 e 4.200 kg/ha, dependendo da região, da tecnologia empregada e da incidência de doenças.
A área cultivada com trigo no estado soma 1.141.224 hectares, e a produtividade revisada, diante do bom desempenho das lavouras, foi ajustada para 3.261 kg/ha, um avanço de 8,81% em relação à estimativa inicial.
No Paraná, o Deral informa que a colheita segue em ritmo irregular, influenciada pelas condições climáticas locais. Em diversas regiões, o excesso de umidade interrompeu os trabalhos, provocando redução gradual do PH dos grãos e risco de perdas na qualidade.
Apesar disso, grande parte das lavouras ainda apresenta desempenho dentro das expectativas iniciais. A previsão de tempo mais firme deve favorecer a conclusão da colheita nas próximas semanas. O órgão estima que 77% da área total já foi colhida, com 86% das lavouras avaliadas em boas condições e 14% em estado mediano.
