Milho – Mercado Externo
Os contratos futuros de milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a quarta-feira (22) em terreno positivo. O vencimento de dezembro avançou 0,81%, encerrando a sessão a US$ 4,23 por bushel, enquanto o contrato de março registrou alta de 0,46%, cotado a US$ 4,35 por bushel.
Mesmo com o avanço da colheita nos Estados Unidos, alguns fatores sustentam as cotações. Produtores norte-americanos têm se mostrado mais cautelosos nas vendas, reduzindo a oferta disponível no mercado físico. Além disso, a produtividade vem se mostrando aquém das expectativas iniciais, e persistem incertezas quanto a novos programas de apoio financeiro do governo.
No campo da demanda, o milho norte-americano mantém vantagem competitiva frente aos principais exportadores globais, favorecido pela desvalorização do dólar ao longo do ano. Esse cenário tem impactado o desempenho exportador de concorrentes como Brasil e Argentina, este último apresentando ritmo de comercialização mais lento em relação a temporadas anteriores. Soma-se a isso o aumento da produção semanal de etanol nos Estados Unidos, aliado à redução dos estoques, fatores que reforçam a sustentação dos preços.
Apesar das supersafras em importantes produtores como Estados Unidos, Brasil e China, as projeções indicam que os estoques globais de milho para 2025/26 deverão alcançar o menor patamar da última década, evidenciando um quadro de oferta mais ajustada frente à demanda crescente.
Milho – Mercado Interno
No ambiente doméstico, as cotações do milho apresentaram leve valorização entre os principais contratos da B3. O vencimento de novembro encerrou o pregão a R$ 68,53/saca, variação marginal de 0,04% em relação à sessão anterior, enquanto o contrato de janeiro avançou 0,32%, para R$ 71,53/saca.
Já o Indicador Cepea/Esalq (base Campinas-SP) registrou ligeira retração de 0,2%, sendo negociado a R$ 65,47/saca. No mercado físico, observou-se alta nos preços médios no Rio Grande do Sul (R$ 62,75/saca), Santa Catarina (R$ 62,29/saca) e Paraná (R$ 52,85/saca). Em São Paulo, houve recuo para R$ 56,38/saca, enquanto nas demais praças os preços permaneceram estáveis.
A demanda segue firme, tanto internamente quanto no mercado externo. No cenário doméstico, o segmento de etanol continua exercendo papel relevante na sustentação das cotações. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de etanol de milho deve alcançar 8,2 bilhões de litros em 2024/25, representando 23,6% de todo o etanol nacional, com expectativa de atingir 8,7 bilhões de litros em 2025/26.
O Ministério de Minas e Energia (MME) projeta que a produção poderá chegar a 15,6 bilhões de litros até 2033, impulsionada por políticas como o RenovaBio, que criou os Créditos de Descarbonização (CBIOs), e a Lei do Combustível do Futuro, que estabelece metas para o uso de combustíveis mais limpos.
Além da parcela do milho destinada a produção de etanol, atualmente, cerca de 67% do milho brasileiro destina-se à produção de ração animal, enquanto alimentação e uso industrial respondem por aproximadamente 12% do total.
No mercado externo, apesar da concorrência acirrada com o milho dos Estados Unidos, as exportações brasileiras mantêm bom desempenho. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) estima embarques de 6,57 milhões de toneladas em outubro, alta de 1,7% frente à previsão anterior e 15,9% acima do volume exportado em outubro de 2024. Esse cenário mantém os prêmios portuários aquecidos, conferindo suporte adicional às cotações internas.
