MINUTO DO MILHO: Cotação internacional avança com dólar fraco e mercado nacional opera em campo misto

A valorização em Chicago reflete a contenção das ofertas agrícolas e queda cambial, enquanto no Brasil o consumo interno firme contrasta com preocupações de produtividade e ritmo exportador.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 16/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Milho – Mercado Externo

Os contratos futuros de milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a quarta-feira (15) em terreno positivo. O vencimento de dezembro avançou 0,87%, encerrando a sessão a US$ 4,16 por bushel, enquanto o contrato de março registrou alta de 0,70%, cotado a US$ 4,32 por bushel.

A sustentação das cotações esteve atrelada à lentidão nas vendas dos grãos recém-colhidos por parte dos produtores norte-americanos, o que fortaleceu os preços no mercado físico e estimulou movimentos de recompra de posições vendidas e compras técnicas no mercado futuro. A desvalorização do dólar frente a outras moedas também favoreceu o desempenho das cotações.

Mesmo diante de uma safra potencialmente recorde, as bases de preços do milho à vista em diversas regiões do Meio-Oeste têm se mostrado mais firmes, reflexo da postura mais cautelosa dos agricultores, que optam por armazenar o produto recém-colhido em vez de ofertá-lo imediatamente ao mercado.

As negociações permaneceram restritas a uma faixa de oscilação estreita, uma vez que a paralisação do governo dos Estados Unidos interrompeu a divulgação de dados essenciais sobre o setor, como as vendas semanais de exportação e as atualizações das projeções de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Nesse contexto, os agentes de mercado passaram a buscar referência nas transações do mercado físico para orientar suas estratégias.

Ainda assim, houve exceção parcial na divulgação de informações por parte do USDA, que apresentou os números referentes às inspeções de embarques até 9 de outubro, totalizando 1,129 milhão de toneladas de milho, recuo de 33,6% em relação à semana anterior, mas expressiva alta de 119,7% frente ao mesmo período de 2024. No acumulado do ano comercial, as inspeções de exportação somam 7,94 milhões de toneladas, volume 65% superior ao registrado no mesmo intervalo do ano passado (4,813 milhões).

Milho – Mercado Interno

No mercado doméstico, as cotações do milho apresentaram comportamento misto entre os principais contratos futuros da B3. O vencimento de novembro encerrou o pregão a R$ 67,51/saca, representando queda de 0,43% frente ao dia anterior, enquanto o contrato de janeiro registrou elevação de 0,27%, cotado a R$ 70,47/saca.

O Indicador Cepea/Esalq (base Campinas-SP) manteve-se praticamente estável, negociado a R$ 64,96/saca. No mercado físico, os maiores avanços foram observados em Santa Catarina (+1,5%), onde o preço médio alcançou R$ 61,72/saca, e no Rio Grande do Sul (+0,6%), com média de R$ 62,45/saca. Em contrapartida, as maiores quedas ocorreram em Goiás (-0,7%), com preço médio de R$ 53,81/saca, e em Minas Gerais (-0,6%), com média de R$ 59,50/saca.

De modo geral, o mercado brasileiro mantém o padrão dos últimos dias, caracterizado por menor oferta por parte dos produtores e elevação gradual da demanda interna, sobretudo pelas indústrias de etanol de milho e rações para proteína animal, fatores que proporcionam suporte às cotações.

Entretanto, a escalada dos custos de produção, especialmente de fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas, aliada às condições climáticas desfavoráveis, mantém os produtores em alerta quanto à possibilidade de redução da produtividade na safra atual.

Outro ponto de atenção é o ritmo moderado das exportações brasileiras, que permanecem apenas 1 milhão de toneladas acima do volume embarcado no ano anterior. Esse desempenho mais tímido reflete, em parte, a forte concorrência do milho norte-americano, que vem ampliando seu programa de exportação com preços mais competitivos.

De acordo com o boletim de oferta e demanda da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) referente à safra 2025/26, a produção nacional de milho deverá totalizar 138,6 milhões de toneladas, uma redução de 1,8% frente à temporada anterior, apesar de uma expansão de 3,9% na área cultivada. A produtividade média deve recuar 5,4%, atingindo 6.109 kg/ha.

As exportações brasileiras estão projetadas em 46,5 milhões de toneladas, crescimento de 16,3% em relação ao ciclo anterior. Já o consumo interno deverá avançar para 94,5 milhões de toneladas, alta de 4,4% na comparação anual. Em contrapartida, os estoques finais tendem a recuar para 13,3 milhões de toneladas, correspondendo a uma redução de 5,4% frente ao encerramento da última safra.

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