E a desvalorização do milho continua. Após fechar as duas últimas sessões da semana passada devolvendo boa parte dos ganhos, em Chicago, o contrato dezembro (ZCZ22) fechou com queda de -2,1%. Hoje (26), a situação não se altera. Os futuros deste ativo no mercado externo estão pressionados, novamente pelo temor de uma recessão global.
Além do anúncio do FED para uma elevação da taxa de juros em até 4,5% ao final desse ano, a Europa sofre com mais uma fase econômica negativa. Após toda a preocupação com os custos energéticos para o inverno, dessa vez a Itália foi a causadora da nova inquietação. Após a eleição de um candidato de extrema direita no país, as tensões aumentam na região e vemos o Euro atuar em desvalorização ante ao dólar, atingindo uma mínima de € 0,95.
E no mercado interno brasileiro os preços permanecem estáveis, apoiados pela paridade de exportação. Em Cascavel/PR a saca de milho vale R$ 75,00 e em Assis/SP fecha o dia a R$ 74,00. Os preços nos portos também seguem firmes frente a preocupação com a oferta global desse cereal.
Com o cenário macro se sobrepondo aos fundamentos da oferta, o sentimento é de incerteza para quem acompanha esse mercado. Os estoques de grãos ao redor do globo estão para atingir os menores níveis em anos. Grandes regiões produtoras como EUA, França e China estão sofrendo com condições climáticas desfavoráveis, diminuindo o ritmo de colheita e por consequência seus estoques.
Nos EUA, maior produtor mundial de milho, o volume colhido nessa safra deve ser o menor em três anos, levando os estoques a uma queda de -28% em relação a cinco anos atrás. Na semana, o volume de grãos inspecionados para exportação foi de apenas 459.420 toneladas, abaixo das 705.288 toneladas da mesma época do ano anterior. E na Argentina, terceiro maior exportador de milho no mundo, as estimativas de produção já estão sendo reduzidas frente ao clima seco na região. Além disso, muitos produtores optaram por aumentar o plantio de soja, que demanda menor volume de fertilizantes. O mercado vem se apoiando na safra brasileira, que foi estimada pelo USDA em 126 milhões de toneladas.
E falando no Brasil, a semeadura do milho de verão 2022/23 já alcançou 18,2% da área total, puxados pelo Paraná e pelo Rio Grande do Sul, e avançando na semana do dia 16/09, um valor de 3,6 p.p, favorecidos pela umidade dos solos na região. Um resultado positivo quando comparado com os 15% da média de 5 anos.
Apesar dos fundamentos apresentados, os futuros do milho em Chicago contrato dezembro (ZCZ22), encerram a sessão cotados a US$ 6,66 por bushel, uma desvalorização de -1,54% frente às expectativas de uma recessão global e a forte alta do dólar no dia em +2,90%, ultrapassando o patamar de R$ 5,40.