MINUTO DA SOJA: Mercado opera de forma lateralizada após altas ao longo da semana

Expectativas moderadas de demanda chinesa e boas condições climáticas na América do Sul mantêm o viés de acomodação. No Brasil, ritmo de comercialização é lento e prêmios recuam.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 30/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a sessão desta quarta-feira (29) em terreno misto, refletindo um movimento de consolidação após as recentes oscilações. O vencimento de novembro registrou leve valorização de 0,19% frente ao dia anterior, cotado a US$ 10,80 por bushel, enquanto o contrato de janeiro apresentou discreta retração de 0,07%, negociado a US$ 10,94 por bushel.

Após iniciar a semana em alta, o mercado perdeu fôlego nos pregões seguintes, voltando a operar sob pressão. O avanço do plantio no Brasil, as condições climáticas favoráveis na América do Sul e a demanda ainda enfraquecida da China por soja norte-americana continuam sendo fatores determinantes para o comportamento das cotações.

A estatal chinesa Cofco adquiriu três carregamentos de soja dos Estados Unidos, totalizando aproximadamente 180 mil toneladas, segundo fontes comerciais. Trata-se das primeiras compras da nova safra norte-americana por parte da China, ocorrendo às vésperas do encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, previsto para esta quinta-feira (30). Apesar do gesto pontual, o mercado avalia que a operação tem caráter mais diplomático do que comercial, uma vez que as tarifas e os atritos bilaterais ainda limitam o fluxo de comércio entre as duas maiores economias do mundo.

Mesmo com esse movimento, os agentes não esperam uma recuperação expressiva da demanda chinesa por soja dos EUA, já que as recentes aquisições de grandes volumes junto a fornecedores da América do Sul supriram boa parte das necessidades do país. Tradicionalmente, o pico das exportações norte-americanas ocorre entre outubro e janeiro, mas neste ano a China praticamente evitou a soja dos EUA, direcionando suas compras para Brasil e Argentina.

A China, que responde por mais de 60% das importações globais da oleaginosa, praticamente completou suas reservas com origem sul-americana até novembro, devendo realizar apenas aquisições pontuais em dezembro e janeiro, antes do início da colheita brasileira.

Soja – Mercado Interno

No cenário doméstico, os preços da soja voltaram a recuar. O Indicador Esalq/B3 (Cepea) registrou queda nas principais praças. Em Paranaguá (PR), a saca foi cotada a R$ 139,32, redução de 0,4% em relação ao pregão anterior. No Paraná, o recuo foi de 0,7%, com fechamento a R$ 133,43 por saca.

No mercado físico, as variações foram mistas entre as regiões acompanhadas. Valorizações pontuais ocorreram no Rio Grande do Sul (R$ 125,22/saca) e no Mato Grosso (R$ 118,42/saca), enquanto retrações mais expressivas foram observadas em Minas Gerais (R$ 127,35/saca) e São Paulo (R$ 126,25/saca).

O ambiente doméstico permanece pressionado, refletindo não apenas o desempenho das cotações externas, mas também o enfraquecimento dos prêmios de exportação, especialmente no porto de Paranaguá, onde há registros de prêmios negativos. O cenário evidencia o excesso de oferta e a demanda internacional retraída, fatores que têm limitado o escoamento da safra.

A comercialização interna segue lenta, com produtores retraídos diante dos preços desestimulantes. Indústrias e tradings mantêm postura cautelosa, realizando apenas aquisições pontuais e evitando compromissos de grande volume. Além disso, o mercado começa a incorporar as projeções de uma safra cheia, o que tende a prolongar a pressão baixista sobre as cotações caso as previsões se confirmem.

O câmbio oscilou sem direção definida, limitando tanto os movimentos de alta quanto os de baixa nos preços internos. Os custos logísticos continuam representando um entrave à competitividade da soja brasileira, enquanto as taxas de juros elevadas reduzem a liquidez e comprimem as margens nas operações comerciais.

No front das exportações, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, até a quarta semana de outubro (18 dias úteis), o Brasil embarcou 5,41 milhões de toneladas de soja, volume 15% superior ao total exportado em outubro de 2024 (4,70 milhões de toneladas em 22 dias úteis).

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