MINUTO DA SOJA: Alta especulativa sustenta soja nos EUA, enquanto Brasil mantém foco na semeadura

Movimentos políticos alimentam ganhos pontuais em Chicago, mas fundamentos permanecem praticamente inalterados; no mercado interno, redução nos prêmios e recuo cambial contêm o repasse das altas externas.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 21/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana em terreno positivo. Nesta segunda-feira (20), o vencimento de novembro avançou 1,2%, encerrando a sessão a US$ 10,31 por bushel, enquanto o contrato de janeiro registrou incremento de 1,29%, cotado a US$ 10,50 por bushel.

O principal vetor de sustentação dos preços foi a sinalização do então presidente Donald Trump sobre uma possível reanimação nas relações comerciais entre Estados Unidos e China, com perspectiva de redução tarifária caso Pequim retome as compras de soja norte-americana. A expectativa provocou movimentos altistas de caráter especulativo, impulsionando temporariamente as cotações. Tais ajustes refletem ruídos políticos pontuais, sem respaldo em fundamentos concretos de oferta e demanda.

A continuidade do shutdown do governo norte-americano mantém suspensa a divulgação de diversos relatórios oficiais, dificultando uma leitura precisa sobre o andamento da colheita. Estimativas privadas apontam, porém, que cerca de 50% da área cultivada já foi colhida, o que amplia o volume ofertado no mercado físico em meio a exportações enfraquecidas pela ausência chinesa. Nesse contexto, o Brasil tem ocupado a janela exportadora de outubro, tradicionalmente dominada pelos EUA, reforçando a perda de competitividade americana no curto prazo.

De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 16 de outubro, as inspeções semanais de exportação totalizaram 1,474 milhão de toneladas, alta de 44,9% frente à semana anterior, porém 42,2% abaixo do mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques somam 5,537 milhões de toneladas, representando um recuo expressivo de 30,9% em relação ao volume observado no mesmo intervalo do ano passado (8,013 milhões de toneladas).

Soja – Mercado Interno

No cenário doméstico, as cotações recuaram levemente. O Indicador Esalq/B3 (Cepea) apontou queda de 0,2% em Paranaguá (PR), com a saca de 60 kg negociada a R$ 138,62, enquanto no Paraná o preço atingiu R$ 133,01/saca, representando baixa de 0,4% em relação ao dia anterior.

No mercado físico, as variações permaneceram limitadas, sem mudanças expressivas. No Paraná, o valor médio da saca ficou em R$ 121,31; em Santa Catarina, fechou a R$ 124,80; em Minas Gerais, a R$ 127,85; e no Mato Grosso do Sul, a R$ 125,21.

O ritmo de comercialização segue lento, uma vez que o produtor concentra esforços no plantio da nova safra, reduzindo a liquidez nos negócios spot. Apesar do avanço em Chicago, o recuo do dólar, atualmente abaixo de R$ 5,40, e a redução dos prêmios de exportação em relação às últimas semanas limitaram o repasse das altas externas aos preços domésticos.

O Brasil segue ampliando sua participação nas exportações globais de soja, especialmente para a China, que manteve ritmo intenso de compras ao longo do ano, quebrando a sazonalidade tradicional dos embarques. Os line-ups portuários confirmam forte demanda chinesa pelo produto brasileiro.

Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro (13 dias úteis), o país embarcou 3,64 milhões de toneladas de soja, o que representa 77,4% do volume total exportado em outubro de 2024 (4,70 milhões de toneladas em 22 dias úteis).

No campo, o plantio da safra 2025/26 segue em ritmo consistente. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 21,7% da área estimada já foi semeada. No Mato Grosso, o avanço foi expressivo em função da regularização das chuvas, enquanto no Rio Grande do Sul o progresso ocorre de forma mais lenta.

No Paraná, as precipitações recentes favoreceram as lavouras, impulsionando o ritmo de plantio. Em Goiás, os trabalhos avançam principalmente no Sudoeste, com início nas demais regiões. No Mato Grosso do Sul, as chuvas trouxeram alívio hídrico às áreas do Norte e permitiram avanço generalizado das atividades. Em Minas Gerais, o plantio segue nas áreas irrigadas e se expande gradualmente para as regiões de sequeiro.

Na Bahia, o plantio irrigado está próximo da conclusão; em São Paulo, produtores intensificam os trabalhos com o retorno das precipitações. No Tocantins, as semeaduras avançam em Caseara (Oeste) e iniciam-se nas demais localidades. Já em Piauí e Maranhão, o plantio ocorre de forma lenta e concentrada nas áreas irrigadas. Em Santa Catarina, o excesso de chuvas impõe atrasos, enquanto no Pará, as atividades se aceleram nos polos da BR-163 e Redenção.

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