Trigo Mercado Externo: Preços reagem a alta do complexo de grãos, mas fundamentos seguem os mesmos

Valorização acompanha movimento do milho e soja. Fundos e especuladores também recompram posições após recuo de preços na seção anterior. Índia irá expandir a área destinada ao trigo. Tarifa de exportação da Rússia será reajustada em 9,3%. Semeadura do trigo de inverno segue avançando na Ucrânia. Na Argentina, projeções de produção são revisadas pra cima.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 18/11/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo – Mercado Externo

O ambiente internacional do trigo iniciou a semana sob firme alta. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos do trigo SRW para dezembro encerraram a segunda-feira (17) com forte avanço de 3,22%, cotados a US$ 5,44 por bushel. O vencimento de março acompanhou a mesma direção, ampliando 3,14% e atingindo US$ 5,58 por bushel.

Em Kansas, a tendência altista também predominou. Os contratos do trigo HRW registraram valorizações expressivas: o vencimento de dezembro subiu 2,6%, chegando a US$ 5,28 por bushel, enquanto março avançou 2,56%, negociado a US$ 5,44 por bushel.

O impulso nas cotações foi sustentado pelo avanço simultâneo de milho e soja, especialmente após novas compras chinesas de soja reacenderem expectativas de maior tração na demanda por grãos. Além disso, fundos e especuladores intensificaram a recompra de posições vendidas após o recuo registrado na sessão anterior. Ainda assim, os fundamentos globais permanecem orientados por ampla disponibilidade e estoques elevados, fatores que tendem a manter uma pressão estrutural sobre os preços.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura (USDA) reportou que, na semana encerrada em 13 de novembro, as inspeções de exportação somaram 246 mil toneladas, queda de 15,4% em relação à semana anterior, mas incremento de 25,1% frente ao mesmo período de 2024. No acumulado do ano comercial, os embarques totalizam 12,363 milhões de toneladas, expansão de 19,3% ante as 10,363 milhões contabilizadas no ciclo passado.

Na Índia, segundo maior produtor mundial, o país caminha para uma expansão recorde da área destinada ao trigo na temporada 2025/26. A expectativa é de que os agricultores ampliem o plantio em aproximadamente 5% frente ao ano anterior, ultrapassando o recorde de 34,16 milhões de hectares. O aumento é impulsionado pelas chuvas intensas de outubro, que favoreceram a umidade do solo, e pelo maior atrativo econômico da cultura, reforçado pelo reajuste de 6,6% no preço mínimo de apoio, que passou para 2.585 rupias (US$ 30,50) por 100 kg. A colheita anterior já havia atingido o patamar histórico de 117,5 milhões de toneladas, ajudando a recompor estoques reduzidos após eventos climáticos adversos e restrições às exportações em 2022/23.

Na Rússia, o Ministério da Agricultura informou que a tarifa de exportação do trigo será reajustada em 9,3% a partir de 19 de novembro, passando para 202,7 rublos por tonelada, ante 185,5 rublos na semana anterior. A medida, válida até 25 de novembro, busca sustentar a rentabilidade dos produtores, embora parte do setor argumente que o mecanismo não tem sido suficiente para mitigar suas dificuldades financeiras.

Na Ucrânia, os embarques de trigo nos primeiros quatro meses da safra 2025/26 totalizaram 6,2 milhões de toneladas, redução de 20% frente ao mesmo período do ciclo passado. O volume representa 37% do potencial exportável estimado. Em outubro, as exportações somaram 1,5 milhão de toneladas, recuo de 10% em comparação anual. Paralelamente, o Ministério da Economia reportou que a semeadura do trigo de inverno alcançou 4,65 milhões de hectares, com os trabalhos concluídos em diversas regiões-chave, incluindo Dnipropetrovsk, Odessa, Poltava e Chernihiv.

Na Argentina, a Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA) informou que 16,5% da área cultivada já foi colhida. A produtividade média segue em elevação à medida que as operações avançam pela região central do país. As projeções foram revisadas para cima, com produção estimada em 24 milhões de toneladas, volume que, se confirmado, representará um novo recorde histórico, superando as 22,4 milhões de toneladas obtidas na safra 2021/22, embora ainda dependa da avaliação final dos impactos das geadas.

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