MINUTO DO MILHO: Mercado internacional reage com firmeza e China volta a influenciar a direção das cotações

No cenário interno, altas são limitadas por prêmios menores e o plantio de soja avança de forma desigual entre estados produtores.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 04/11/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) abriram a semana com forte impulso altista. Nesta segunda-feira (3), o vencimento de novembro registrou acréscimo de 1,82%, encerrando o pregão a US$ 11,19 por bushel, enquanto o contrato de janeiro avançou 1,70%, cotado a US$ 11,34 por bushel.

O movimento reforça a continuidade do rali observado recentemente, sustentado por clara predominância da força compradora. Os agentes seguem focados nos desdobramentos das tratativas comerciais entre Estados Unidos e China. Um entendimento entre as duas principais economias globais alimenta expectativas de incremento nos embarques norte-americanos destinados ao mercado chinês.

A China deverá importar 12 milhões de toneladas de soja dos EUA até o fim de 2025 e 25 milhões anuais entre 2026 e 2028. Parte dessas aquisições deve ocorrer por meio de empresas estatais, com ritmo variável de execução.

Apesar do otimismo pontual, os dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) seguem chamando atenção. Até 30 de outubro, as inspeções semanais de exportação somaram 965 mil toneladas, representando declínio de 16,84% em relação à semana anterior e retração expressiva de 58,2% frente ao mesmo intervalo de 2024. Pela segunda semana consecutiva, as inspeções atingem o menor volume semanal dos últimos 18 anos.

No acumulado do atual ano comercial, os embarques totalizam 7,780 milhões de toneladas, queda de 39,9% ante igual fase do ciclo anterior, quando somavam 12,957 milhões de toneladas. A principal razão para esse desempenho deficitário permanece sendo a reduzida presença chinesa nas compras de soja norte-americana.

Soja – Mercado Interno

No ambiente doméstico, as cotações exibiram leves ajustes positivos. O Indicador Esalq/B3 (Cepea) registrou avanço de 0,2% em Paranaguá (PR), com a saca de 60 kg negociada a R$ 130,20. No Paraná, o valor médio alcançou R$ 137,07/saca, alta de 0,4% no comparativo diário.

No mercado físico, o comportamento foi majoritariamente altista, com elevações nos preços médios observadas no Paraná (R$ 122,21/saca), São Paulo (R$ 124,67/saca), Minas Gerais (R$ 127,28/saca) e Mato Grosso (R$ 120,04/saca). Nas demais regiões, as cotações permaneceram estáveis.

Apesar da firmeza em Chicago, o repasse completo ao Brasil permanece limitado. Os prêmios recuaram diante da proximidade da colheita da safra 2026, ampliando a oferta interna neste período e pressionando as bases de preços nacionais.

Mesmo com o aumento das aquisições chinesas nos Estados Unidos, a estratégia de diversificação de origens por parte do país asiático mantém o Brasil em posição competitiva. A combinação de prêmios mais baixos e ampla disponibilidade para embarques reforça a atratividade da soja brasileira. Relatos do mercado indicam a compra antecipada de cerca de 20 carregamentos com origem no Brasil, programados entre dezembro de 2025 e julho de 2026, sinalizando forte disputa entre os dois maiores exportadores globais.

No campo, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 2 de novembro, 47,1% da área prevista para a safra 2025/26 havia sido implantada. No Mato Grosso, as precipitações, ainda que irregulares, seguem favorecendo o ritmo de plantio. No Rio Grande do Sul, o retorno das chuvas permitiu maior progresso, embora o índice ainda esteja abaixo de 10% da área estimada.

No Paraná, as lavouras apresentam bom vigor, porém as chuvas intensas do fim de semana, acompanhadas de granizo, ocasionaram danos pontuais que ainda estão sendo quantificados. Em Goiás, a combinação de maior regularidade das chuvas e elevada capacidade operacional impulsionou a semeadura, sobretudo no Sul do estado. Em algumas áreas, houve registro de escaldadura devido às temperaturas elevadas.

No Mato Grosso do Sul, a melhora do regime pluviométrico em quase todo o território garantiu forte aceleração no plantio, exceto na porção Norte. Em Minas Gerais, o retorno das chuvas favoreceu a expansão da semeadura, inclusive nas áreas de sequeiro. Na Bahia, o avanço permanece acelerado diante da recomposição das precipitações, e em São Paulo, a semeadura evolui com o apoio da maior umidade e do encerramento da colheita do trigo.

No Tocantins, a instabilidade das chuvas praticamente paralisou os trabalhos. No Piauí e Maranhão, o estágio ainda é inicial, com apenas 2% da área implantada, à espera de maior regularidade climática para avançar. Em Santa Catarina, o excesso de chuvas e temperaturas mais baixas atrasaram o plantio e retardaram o desenvolvimento das plantas.

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