Trigo Mercado Externo: Estabilidade Prevalece Apesar de Movimentos Dispares nas Bolsa

Exportações norte-americanas avançam, Rússia amplia produção e Argentina projeta safra recorde com metade dela sendo exportada.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 21/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo – Mercado Externo

O mercado internacional de trigo iniciou a semana com comportamento misto entre as principais bolsas de referência. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos do trigo tipo SRW encerraram a segunda-feira (20) em leve alta. O vencimento de dezembro avançou 0,2%, cotado a US$ 5,04 por bushel, enquanto o contrato de março subiu 0,23%, atingindo US$ 5,21 por bushel.

Na bolsa de Kansas, o movimento foi oposto. As cotações do trigo HRW recuaram levemente, com o contrato de dezembro desvalorizando 0,28%, negociado a US$ 4,90 por bushel, e o vencimento de março apresentando retração de 0,31%, para US$ 5,09 por bushel.

De modo geral, o mercado permaneceu estável, refletindo fundamentos pouco alterados de oferta e demanda. Operadores monitoram a ampla disponibilidade global do cereal, os relatos de fundos de hedge cobrindo posições vendidas e a divulgação de um relatório pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mesmo em meio à paralisação parcial do governo norte-americano.

Segundo o USDA, até 16 de outubro, as inspeções semanais de exportação totalizaram 480 mil toneladas, alta de 7,4% em relação à semana anterior e expressivo avanço de 77,6% frente ao mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques somam 11,192 milhões de toneladas, incremento de 20,4% em comparação ao mesmo intervalo do ciclo passado (9,299 milhões de toneladas).

Na Rússia, o IKAR, seguindo a SovEcon, revisaram para cima suas projeções de produção para 2025. A colheita foi estimada em 88 milhões de toneladas, um acréscimo de 500 mil toneladas sobre a previsão anterior. O ajuste decorre, sobretudo, do desempenho excepcional das lavouras na Sibéria, onde os rendimentos atingem níveis recordes. Além disso, é considerada baixa a probabilidade de que nevascas precoces impactem significativamente as colheitas.

O Ministério da Agricultura russo também anunciou que, a partir de 22 de outubro, as tarifas de exportação de trigo serão reduzidas em três vezes, passando de 318,6 para 99,1 rublos. Produtores locais vêm pressionando pela eliminação total do sistema de tarifas flutuantes, argumentando que a medida tem efeito limitado sobre a rentabilidade do setor. Ainda assim, o governo mantém o mecanismo, defendendo sua eficácia como instrumento de regulação de mercado.

Ademais, o país decidiu proibir a importação de trigo do Cazaquistão, medida que revoga a autorização vigente desde abril deste ano. Autoridades russas também suspeitam que produtos sancionados da União Europeia estejam sendo reexportados para o território russo via Cazaquistão, o que reforçou o endurecimento das restrições.

Na Ucrânia, o Ministério da Economia informou que, até 21 de outubro, os produtores haviam semeado 4,83 milhões de hectares da culturas de inverno, o equivalente a 74% da área projetada, sendo 3,44 milhões de hectares destinados ao trigo. As regiões de Dnipropetrovsk, Mykolaiv e Kirovohrad lideram o ritmo de semeadura, enquanto Poltava e Ternopil já concluíram o plantio.

As exportações ucranianas de trigo cresceram 47% entre 13 e 19 de outubro, totalizando 503 mil toneladas, ante 343 mil toneladas na semana anterior. Os principais destinos foram Egito, Argélia, Indonésia, Iêmen e Bangladesh. Entretanto, o fim das isenções tarifárias temporárias da União Europeia pode provocar uma redução acentuada nos embarques ucranianos para o bloco. Estima-se que o impacto financeiro das restrições, apenas para o trigo, alcance US$ 894 milhões, limitando a competitividade das exportações ucranianas no curto prazo.

Na Austrália, as projeções de colheita foram revisadas positivamente. A produtividade acima do esperado no Oeste compensou as perdas ocasionadas pela seca nas regiões do Sul, elevando a estimativa em aproximadamente 500 mil toneladas frente ao levantamento de setembro. Com a colheita já em andamento e prevista para seguir até janeiro, a produção total é agora estimada em 35,7 milhões de toneladas.

No Canadá, o relatório de oferta e demanda divulgado pelo Ministério da Agricultura em 17 de outubro apresentou apenas ajustes marginais. Os estoques finais foram mantidos em 5,2 milhões de toneladas, volume superior ao observado em 2024/25 (4,1 milhões de toneladas). As exportações projetadas foram elevadas para 27,4 milhões de toneladas, ante 27 milhões na estimativa anterior, embora ainda representem queda de 6,2% em relação ao ciclo passado.

Na Argentina, as condições climáticas continuam favoráveis nas principais regiões produtoras, sobretudo no centro e sul da província de Buenos Aires, o que vem sustentando rendimentos recordes. Buenos Aires permanece como o principal polo do complexo trigueiro, responsável por cerca de 40% da produção nacional.

Com safra recorde prevista em 23 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Comércio de Rosário, o país tende a ampliar substancialmente suas exportações. Após embarcar apenas 3,6 milhões de toneladas em 2023, o volume exportado subiu para 8,8 milhões em 2024, e deve ultrapassar 12 milhões em 2025, o equivalente a metade da produção total. Os principais destinos seguem sendo Brasil, Chile e países do Norte da África. No caso brasileiro, o trigo argentino continua atendendo cerca de 70% da demanda externa.

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