Trigo Brasil: Mercado sente pressão da safra e falta de ritmo nas negociações

Preços seguem em queda, colheita avança no Sul e condições climáticas começam a afetar qualidade no Paraná

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 17/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo Brasil

O mercado brasileiro de trigo encerrou a quinta-feira (16) sob viés de baixa. Segundo o indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi cotado a R$ 1.207,95 por tonelada, registrando recuo expressivo de 2% em relação à sessão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando também apresentou desvalorização de 0,6%, negociado a R$ 1.116,48 por tonelada.

No mercado físico, as cotações acompanharam o movimento baixista, com exceção do Rio Grande do Sul, onde a média permaneceu estável em R$ 62,92 por saca. Em Santa Catarina, houve queda acentuada de 2,9%, com o preço médio em R$ 62,00/saca, enquanto no Paraná observou-se retração de 0,4%, para R$ 64,42/saca.

As negociações seguem marcadas pela baixa liquidez, uma vez que compradores e vendedores ainda não alcançam consenso sobre os níveis de preços. Os moinhos mantêm-se retraídos, priorizando o cumprimento de contratos previamente firmados. A percepção é de que os estoques permanecem confortáveis, o que limita qualquer reação positiva nas cotações de curto prazo.

Entre os produtores, cresce a preocupação com a rentabilidade reduzida no início da nova safra, em meio ao avanço da colheita e à combinação de custos elevados e preços comprimidos. Nesse contexto, torna-se ainda mais relevante o uso de estratégias de comercialização eficientes, de modo a mitigar riscos e preservar margens.

Em São Paulo, a aquisição de trigo pelos moinhos apresentou retração significativa. De acordo com o Sindicato da Indústria do Trigo de São Paulo (Sindustrigo), o volume comprado na safra 2024/25 totalizou 403,5 mil toneladas, representando queda de 37,3% frente às 644 mil toneladas adquiridas no ciclo anterior.

A satisfação geral com o trigo paulista obteve nota média de 7,9, ligeiramente abaixo dos 8 pontos registrados na safra anterior. Em contrapartida, a avaliação da qualidade reológica, que mede o desempenho da farinha em testes de panificação, apresentou avanço, passando de 7,7 para 8,4 pontos.

A panificação manteve-se como principal destino do trigo no estado, respondendo por 66,4% do uso total nesta safra, com alta de 9,8% sobre o ciclo anterior. O uso doméstico caiu para 17,4% (ante 21,5%), enquanto as massas responderam por 10,8% (de 12,6%), biscoitos por 3,1% (queda de 4,8%) e outros usos somaram 2,4%. O elevado percentual destinado à panificação reforça a exigência por farinhas de melhor qualidade no mercado paulista.

No Rio Grande do Sul, informações do Emater/RS indicam avanço consistente da cultura até 15 de outubro, com 50% das áreas em enchimento de grãos e 30% em maturação. As lavouras demonstram boa uniformidade, reflexo da semeadura dentro do zoneamento agrícola recomendado. As condições climáticas, marcadas por redução das chuvas, boa luminosidade e temperaturas amenas, favoreceram o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, além de contribuir para a sanidade foliar e manutenção do potencial produtivo.

A nova estimativa da Safra 2025 aponta 1,14 milhão de hectares cultivados, redução de 14,26% frente aos 1,33 milhão do ciclo anterior. A produtividade média foi revisada para 3.261 kg/ha, alta de 8,81% sobre a projeção inicial e de 17,26% em relação à safra passada (2.781 kg/ha). A produção total deve alcançar 3,72 milhões de toneladas, ligeiro aumento de 0,57% em comparação às 3,7 milhões de toneladas colhidas em 2024.

No Paraná, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), a colheita encontra-se em fase final ou em andamento na maioria das regiões. No entanto, as chuvas recorrentes vêm atrasando as operações e comprometendo a qualidade dos grãos, com relatos de queda no pH e aumento do volume fora de padrão.

Até 13 de outubro, cerca de 63% da área total havia sido colhida, sendo 85% em boas condições, 14% em estado mediano e 1% em situação desfavorável. Caso as condições climáticas adversas persistam, há risco de perdas adicionais em parte das lavouras remanescentes.

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