Soja Balanço Semanal: Entre riscos geopolíticos internacionais e sinais positivos no Brasil

A instabilidade nas negociações China-EUA contrasta com a firmeza do mercado interno, impulsionada pelo dólar e pelo aumento das vendas externas.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 13/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Na última sexta-feira (10), os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a semana em queda. O vencimento de novembro recuou 1,12%, sendo cotado a US$ 10,06 por bushel, enquanto o contrato de janeiro desvalorizou 1,33%, finalizando a US$ 10,23 por bushel.

O movimento refletiu a escalada das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, que voltou a pressionar os preços do grão. Pequim anunciou restrições à exportação de minerais de terras raras, ao que Washington respondeu impondo tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses. Em contrapartida, o governo chinês declarou que passará a aplicar taxas portuárias especiais a embarcações e empresas norte-americanas, com início em 14 de outubro.

Havia expectativas de um possível encontro entre os líderes das duas nações no início de novembro, que poderia sinalizar uma trégua na guerra tarifária. Entretanto, as medidas recentes impactaram diretamente os produtores americanos, que aguardavam a retomada das exportações de soja à China, e este fator negativo acaba reduzindo sua rentabilidade. A incerteza geopolítica reforçou a aversão ao risco e manteve os investidores em posição defensiva.

Outro fator que contribuiu para a cautela do mercado foi o fechamento parcial do governo dos Estados Unidos, que restringiu a divulgação de dados oficiais sobre produção, exportações e posições de fundos de investimento, diminuindo o apetite por novas operações no mercado futuro.

Soja – Mercado Interno

No Brasil, a soja seguiu trajetória contrária à observada no mercado internacional. De acordo com o Indicador Esalq/B3 do Cepea, a soja em Paranaguá foi cotada a R$ 137,19 por saca, alta de 0,7% em relação à semana anterior. No Paraná, o incremento foi de 1,05%, com preço médio de R$ 132,68 por saca.

No mercado físico, a maioria das regiões acompanhou a tendência de valorização, exceto São Paulo, onde os preços permaneceram estáveis. Os ajustes mais expressivos foram observados em Minas Gerais (+3,95%), Mato Grosso (+3,45%) e Paraná (+1,97%), encerrando a semana a R$ 127,18, R$ 119,43 e R$ 120,49 por saca, respectivamente.

A valorização do dólar, que fechou a R$ 5,50 (alta de 3,2% frente à semana anterior), compensou os efeitos do recuo em Chicago, mantendo os preços domésticos próximos ao equilíbrio. A moeda forte, aliada à competitividade da soja brasileira frente à safra norte-americana, sustentou as cotações e favoreceu o desempenho das exportações.

Mesmo com o cenário cambial favorável, os custos financeiros e operacionais elevados exigem que os produtores mantenham gestão ativa de riscos e planejamento estratégico, aproveitando momentos de prêmios e dólar atrativos.

Em relação às exportações, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quinta semana de setembro (22 dias úteis), o Brasil exportou 7,34 milhões de toneladas, avanço de 20,2% em relação a setembro de 2024, quando o volume totalizou 6,10 milhões de toneladas em 21 dias úteis.

O ritmo firme dos line-ups e a ampliação da janela de embarques refletem a maior demanda da China pela soja brasileira, em razão da redução das compras do grão norte-americano. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), as exportações em outubro devem atingir 7,12 milhões de toneladas, 2,7 milhões de toneladas acima do mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a outubro, a projeção é de 102,2 milhões de toneladas, superando os totais anuais de 2024 e 2023, ambos recordes históricos.

No campo, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 5 de setembro, aproximadamente 8,2% da área destinada à safra 2025/26 já havia sido semeada. O plantio avança de forma gradual, condicionado à regularidade das chuvas nas principais regiões produtoras.

No Mato Grosso, o plantio progride de maneira moderada, enquanto no Paraná, estado mais adiantado, as precipitações recentes reduziram o ritmo das operações, mas beneficiaram o desenvolvimento inicial das lavouras, com exceção do Norte do estado.

No Mato Grosso do Sul, o plantio de sequeiro avança principalmente na região Sul, enquanto em outras áreas predomina o cultivo irrigado. Já no Rio Grande do Sul, os produtores aguardam a diminuição das chuvas para iniciar o trabalho de campo.

Em Santa Catarina, o avanço permanece limitado devido à frequência elevada de precipitações. Nos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Bahia, o plantio foi iniciado, especialmente em áreas irrigadas. No Pará, os trabalhos avançam ao longo da BR-163, com destaque para os municípios de Redenção e o Sudeste do estado.

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