Trigo Brasil: Pressões de colheita e baixa demanda limitam reação de preços

O mercado físico segue marcado por baixa fluidez e retração dos negócios, em meio à entrada da nova safra e margens estreitas para os produtores.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 10/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo Brasil

O mercado doméstico de trigo apresentou comportamentos divergentes nesta quinta-feira (09), refletindo a combinação entre o avanço da colheita e retração da demanda industrial, além do pouco apetite de comercialização dos produtores.

Segundo o indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi negociado a R$ 1.242,83 por tonelada, alta de 0,7% em relação à sessão anterior. Apesar do leve avanço, o movimento ainda é interpretado como uma recuperação moderada, já que os preços acumulam queda de 10,1% no comparativo mensal. No Rio Grande do Sul, o trigo brando registrou retração de 0,2%, cotado a R$ 1.186,12 por tonelada.

No mercado físico, os preços também cederam levemente frente ao dia anterior. As médias estaduais ficaram em R$ 64,14 por saca no Rio Grande do Sul, R$ 64,25 por saca em Santa Catarina e R$ 64,42 por saca no Paraná. O ambiente é de baixa liquidez e de redução gradual nas cotações, reflexo do avanço da safra e da demanda industrial enfraquecida.

No Rio Grande do Sul, as negociações permanecem pontuais, e os vendedores demonstram pouco interesse em fechar novos contratos diante dos preços vigentes. O estado ingressa na nova temporada com a menor venda antecipada dos últimos anos, somando 140 mil toneladas, contra 300 mil toneladas no mesmo período de 2024.

Em Santa Catarina, os moinhos têm recorrido a lotes provenientes do Rio Grande do Sul e do Paraná, mas sem movimentações expressivas.

Já no Paraná, a pressão de preços associada ao avanço da colheita preocupa os produtores, que enfrentam custos de produção elevados e margens cada vez mais estreitas para a nova safra.

No campo, o Emater/RS, em boletim conjuntural de 8 de outubro, informou que o trigo no Rio Grande do Sul encontra-se na etapa final do ciclo, com bom desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Cerca de 58% das lavouras estão em enchimento de grãos, 18% em maturação fisiológica, e as semeaduras mais tardias (20%) permanecem em espigamento ou floração. A colheita ainda é incipiente, abrangendo menos de 1% da área cultivada, e o potencial produtivo segue elevado, condicionado ao nível tecnológico adotado e às condições locais.

As condições meteorológicas recentes, marcadas por chuvas frequentes, alta umidade e períodos de nebulosidade, favoreceram o desenvolvimento das lavouras, mas aumentaram o risco de doenças de espiga, sobretudo a giberela (Fusarium graminearum). Diante disso, os produtores permanecem atentos às condições climáticas durante a maturação e a colheita, já que a persistência da umidade pode afetar a qualidade industrial e o peso hectolitro dos grãos. Ainda assim, o cenário geral é de safra promissora, com boas perspectivas produtivas e qualitativas, desde que o clima se mantenha estável durante a colheita.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral) reportou que, até 6 de outubro, a colheita avançava de forma consistente em praticamente todo o estado, aproximando-se da conclusão em diversas regiões. As produtividades variam conforme os impactos da estiagem e das geadas, mas, em determinadas áreas, superaram as expectativas iniciais.

Nas regiões remanescentes, os trabalhos devem se intensificar conforme as condições do tempo permitirem. Em alguns municípios, ventos fortes e chuvas contínuas causaram acamamento, o que pode comprometer a qualidade dos grãos. Apesar disso, o desempenho geral da cultura é considerado satisfatório, com 60% da área total já colhida, sendo que 86% das lavouras estão em boas condições, 13% em situação mediana e apenas 1% em condição desfavorável.

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