MINUTO DO MILHO: Cotações reagem nos mercados interno e externo, sustentadas por demanda e ritmo de exportações

Fundos recompõem posições após quedas recentes, enquanto o Brasil acompanha a tendência positiva externa e avança com o plantio sob influência das chuvas regionais.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 07/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Milho – Mercado Externo

Na segunda-feira (6), os contratos futuros de milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana em movimento ascendente. O vencimento de dezembro registrou valorização de 0,62%, encerrando a US$ 4,21 por bushel, enquanto o contrato de março avançou 0,6%, cotado a US$ 4,38 por bushel.

A recuperação foi impulsionada principalmente pela recompra de posições por parte de fundos e agentes especulativos, após as perdas observadas na sessão anterior. No entanto, o avanço das cotações segue limitado pela safra recorde norte-americana, que mantém elevada a oferta do cereal.

Outro fator que influencia o mercado é a paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, que completou seis dias ontem. O Departamento de Agricultura (USDA) segue com atualizações suspensas em seu portal oficial, restringindo o acesso a informações cruciais para os agentes de mercado. Diante desse cenário, investidores evitam assumir novas posições em meio à escassez de dados oficiais, o que reduz a volatilidade e limita o volume de negociações.

O único relatório divulgado pelo USDA desde o início do “shutdown” refere-se às inspeções de embarques. Até 2 de outubro, os volumes totalizaram 1,599 milhão de toneladas, alta de 3,9% frente à semana anterior e expressivo incremento de 68,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do atual ano comercial, os embarques somam 6,708 milhões de toneladas, avanço de 56,1% sobre igual intervalo do ciclo anterior, quando totalizavam 4,298 milhões de toneladas. Esses números reforçam o vigor do comércio exterior norte-americano e evidenciam a competitividade do grão no cenário global.

Milho – Mercado Interno

No Brasil, os preços futuros acompanharam o movimento positivo observado em Chicago. Na B3, o contrato de novembro encerrou o pregão cotado a R$ 66,36 por saca, acréscimo de 0,56% em relação à sessão anterior. O vencimento de janeiro, por sua vez, manteve-se praticamente estável, negociado a R$ 68,51 por saca.

O Indicador Esalq/B3 (Cepea), referência para a praça de Campinas (SP), ficou em R$ 64,93 por saca, alta de 0,2% no comparativo diário. No mercado físico, as médias estaduais indicam variações regionais: no Rio Grande do Sul, a saca foi negociada a R$ 61,91; no Paraná, a R$ 52,80; em Goiás, a R$ 53,96; e em Minas Gerais, a R$ 59,80.

A sustentação dos preços internos decorre principalmente da demanda doméstica, principalmente por parte do setor de etanol de milho. Ainda assim, já se observa certa retração nas aquisições pelas usinas, visto que boa parte das necessidades está coberta até o final do ano.

No front externo, as exportações brasileiras apresentaram leve aceleração, contribuindo para manter o equilíbrio de oferta e demanda no mercado interno. No acumulado do ano, o país embarcou aproximadamente 22 milhões de toneladas, às quais se somam 4,7 milhões programadas para os próximos embarques, totalizando 26,8 milhões de toneladas. Apesar do avanço, o volume ainda é inferior ao registrado no mesmo período de 2023, quando as exportações atingiram 33,8 milhões de toneladas. A menor competitividade do milho brasileiro frente a outras origens, explica parte dessa diferença.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quinta semana de setembro (22 dias úteis), as exportações somaram 7,56 milhões de toneladas, superando em 17,8% o volume embarcado em setembro de 2024, quando haviam sido registradas 6,42 milhões de toneladas em 21 dias úteis.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reportou que, até 5 de outubro, 29,1% da área estimada para o cultivo de milho da safra atual já havia sido semeada. No Rio Grande do Sul, o avanço foi limitado pelas chuvas frequentes, que, embora tenham retardado o plantio, favoreceram o desenvolvimento inicial das lavouras já implantadas e a realização de tratos culturais.

No Paraná, o ritmo de plantio é mais acelerado, ultrapassando 75% da área projetada. As precipitações recentes, apesar de reduzirem o ritmo de semeadura, aumentaram a umidade do solo e criaram condições mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura. No norte do estado, entretanto, ainda persistem áreas com déficit hídrico.

Em Santa Catarina, as chuvas também têm atrasado a semeadura, mas contribuem para a emergência e o bom desenvolvimento vegetativo das lavouras estabelecidas. Em São Paulo, o avanço ocorre principalmente nas áreas irrigadas, enquanto nos demais estados produtores os agricultores aguardam a regularização das precipitações para iniciar os trabalhos de campo.

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