Soja – Mercado Externo
Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana em queda moderada nesta segunda-feira (29). O vencimento de novembro recuou 0,32%, encerrando a sessão a US$ 10,10/bushel, enquanto o contrato de janeiro registrou retração de 0,33%, cotado a US$ 10,29/bushel.

A oleaginosa permanece sob pressão devido ao atual quadro de oferta e demanda, em meio ao avanço da colheita nos Estados Unidos. O clima quente e seco favoreceu o progresso das operações no último fim de semana, e as previsões indicam a continuidade desse padrão ao longo da semana. Esse cenário, em plena fase de enchimento e maturação das lavouras, gera dúvidas quanto ao volume e à qualidade da safra norte-americana, com riscos de grãos menores e menor teor de óleo.
Além disso, os agentess do mercado demonstram cautela em assumir novas posições antes da divulgação do relatório trimestral de estoques de grãos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), previsto para esta terça-feira (30).
De acordo com o USDA, as inspeções de exportação até 25 de setembro totalizaram 593 mil toneladas, aumento de 5% em relação à semana anterior, mas queda de 13,1% frente ao mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques somam 2,246 milhões de toneladas, crescimento de 16,4% sobre as 1,929 milhão de toneladas registradas no mesmo intervalo do ano passado.
No campo, até 28 de setembro, 62% das lavouras foram avaliadas como boas ou excelentes, 1 ponto percentual acima da semana anterior e em linha com o mesmo período de 2024. Outras 27% receberam classificação regular, estabilidade semanal e avanço de 2 pontos em comparação ao ano anterior. Já 11% foram enquadradas entre ruins e muito ruins, queda de 1 ponto frente à semana anterior e em patamar idêntico ao de 2024.
A colheita norte-americana atingiu 19% da área até 28 de setembro, avanço significativo em relação aos 9% da semana anterior. No mesmo período do ano passado, o índice era de 24%. O ritmo atual está apenas 1 ponto percentual abaixo da média dos últimos cinco anos (20%).
Soja – Mercado Interno
No Brasil, o movimento também foi de retração, ainda que de forma contida. O Indicador Esalq/B3 do Cepea registrou a soja em Paranaguá a R$ 134,39/saca, recuo diário de 0,4%. No Paraná, a saca foi negociada a R$ 129,01, queda de 0,2%.
No mercado físico, os preços apresentaram comportamento misto. Em Santa Catarina, a maior parte das praças registrou valorização, com média de R$ 123,10/saca. Já no Mato Grosso, as cotações recuaram em todas as regiões, com média de R$ 114,83/saca. Nas demais áreas do país, as variações foram pouco relevantes, mantendo um quadro de estabilidade.

A pressão sobre os preços internos decorre tanto da desvalorização em Chicago quanto da contínua queda do dólar. O fator que ainda sustenta parte das cotações domésticas são os prêmios, mantidos em território positivo diante da forte demanda pela soja brasileira.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de setembro (20 dias úteis), o Brasil embarcou 6,51 milhões de toneladas de soja, superando em 6,6% o volume exportado em setembro de 2024 (6,10 milhões de toneladas em 21 dias úteis).

Quanto ao plantio da safra 2025/26, até o dia 28 de setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informa que 3,5% da área projetada já foi semeada. No Mato Grosso, o aumento das chuvas e a melhoria da umidade do solo têm favorecido a implantação nas áreas de sequeiro, principalmente na mesorregião Médio-Norte.
No Paraná, o plantio avança no Oeste e Sudoeste, onde as condições de solo são adequadas. No Mato Grosso do Sul, apesar das precipitações recentes, produtores mantêm cautela no ritmo das operações. Em Santa Catarina, o plantio começou logo após o fim do vazio sanitário, enquanto em São Paulo ocorre de forma pontual, restrito às áreas irrigadas.
Com o término do vazio sanitário em estados como Goiás, o ritmo de semeadura tende a ganhar tração. Entretanto, os agricultores seguem atentos às condições climáticas, já que modelos apontam mais de 70% de probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña entre outubro e dezembro, o que pode comprometer o regime de chuvas no Centro-Oeste, norte de Minas Gerais e oeste da Bahia.
As projeções também indicam temperaturas elevadas, que podem chegar a 40°C em algumas localidades. Essa combinação de calor intenso e déficit hídrico aumenta o risco de estresse térmico nas lavouras em desenvolvimento inicial, exigindo maior cuidado no manejo e na definição da janela de plantio.