Soja – Mercado Externo
Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana em queda nesta segunda-feira (22). O vencimento de novembro encerrou a sessão a US$ 10,11/bushel, recuo de 1,40% em relação ao pregão anterior, enquanto o contrato de janeiro caiu 1,36%, sendo negociado a US$ 10,30/bushel.

A pressão negativa se intensificou após o governo argentino suspender temporariamente, até 31 de outubro, as tarifas de exportação sobre grãos e derivados. A medida inclui soja, milho, trigo e girassol, e tem como objetivo estimular as vendas externas, além de reforçar as reservas internacionais do Banco Central do país, que enfrenta dificuldades para recompor seus estoques cambiais.
Nos Estados Unidos, produtores têm perdido bilhões de dólares em vendas de soja para a China, justamente no auge da temporada de comercialização. As prolongadas negociações comerciais entre Washington e Pequim continuam a travar as exportações, enquanto países concorrentes da América do Sul, liderados pelo Brasil, ocupam o espaço deixado pelos norte-americanos. Ainda que a suspensão das tarifas traga maior competitividade à Argentina, o efeito tende a ser limitado, já que a medida é de curta duração.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as inspeções de exportação até 18 de setembro totalizaram 484 mil toneladas, uma queda expressiva de 41,1% em relação à semana anterior e de 2,9% frente ao mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques alcançam 1,569 milhão de toneladas, avanço de 25,9% sobre as 1,246 milhão de toneladas registradas no mesmo intervalo do ano passado.
Quanto às lavouras norte-americanas, até 21 de setembro, 61% foram classificadas como boas ou excelentes, queda de 2 pontos percentuais em relação à semana anterior e 3 pontos abaixo do mesmo período de 2024. Outras 27% foram avaliadas como regulares, aumento de 1 ponto frente à semana anterior e 2 pontos acima do ano passado. Já 12% foram enquadradas entre ruins e muito ruins, avanço de 1 ponto percentual no comparativo semanal e também frente a 2024.
A colheita de soja nos Estados Unidos alcançou 9% da área até 21 de setembro, avanço em relação aos 5% da semana anterior. No mesmo período do ano passado, o índice era de 12%. O ritmo atual está alinhado à média dos últimos cinco anos, também em 9%.
Soja – Mercado Interno
No mercado brasileiro, as cotações recuaram em meio à baixa liquidez nas negociações. De acordo com o Indicador Esalq/B3 do Cepea, a soja encerrou o dia em Paranaguá cotada a R$ 137,17/saca, queda de 1,6% no comparativo diário. No Paraná, o recuo foi de 1,1%, com a saca negociada a R$ 132,16.
Em Santa Catarina, os preços médios caíram 1,2%, fechando a R$ 123,88/saca. Em Minas Gerais, o recuo foi mais moderado, de 0,4%, com a saca a R$ 126,68. Já no Mato Grosso do Sul, a desvalorização chegou a 1,6%, com a saca cotada a R$ 124,07.

A decisão da Argentina de eliminar temporariamente os impostos de exportação sobre a soja também tende a impactar o Brasil. Apesar de manter a liderança nas vendas para a China nos primeiros oito meses de 2025, o produto argentino se tornou mais competitivo, com um desconto de aproximadamente US$ 0,60/bushel em relação ao brasileiro. Esse diferencial já atrai compradores asiáticos, que ampliam as aquisições do país vizinho para reforçar estoques, os quais já se encontram em patamares recordes. A Argentina possui cerca de 20 milhões de toneladas de soja disponíveis para comercialização.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, até a terceira semana de setembro (15 dias úteis), o Brasil embarcou 4,71 milhões de toneladas de soja, o equivalente a 77,3% de todo o volume exportado em setembro de 2024 (6,10 milhões de toneladas em 21 dias úteis).

Com relação ao plantio, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informa que 0,6% da área prevista para a safra 2025/26 já foi semeada. No Mato Grosso, o aumento das chuvas nas regiões Norte e Noroeste acelerou os trabalhos, sobretudo em áreas irrigadas. Em alguns pontos, produtores já iniciaram o cultivo de sequeiro, embora a maioria ainda aguarde maior regularidade das precipitações.
No Paraná, o plantio começou nas regiões Oeste e Sudoeste, onde a umidade do solo estava adequada para a germinação. No Mato Grosso do Sul, as lavouras estão sendo implantadas em áreas irrigadas e, mesmo diante da baixa umidade, há registros de semeadura em áreas de sequeiro no Sudoeste, apoiados na expectativa de chuvas mais consistentes nos próximos dias.
Nas demais regiões do país, o início das atividades de campo dependerá do término do vazio sanitário e da regularização do regime de chuvas.