Trigo Brasil: Avanço da colheita e dólar fraco derrubam cotações

Aumento da oferta interna e competitividade do produto argentino limitam negócios e deixam moinhos cautelosos

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 17/09/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Nesta terça-feira (16), o mercado brasileiro de trigo apresentou, em sua maioria, movimentações negativas. O indicador Cepea/Esalq registrou no Paraná o preço de R$ 1.371,39 por tonelada de trigo pão ou melhorador, queda de 0,9% em relação à sessão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando permaneceu praticamente estável, com leve alta de 0,2%, negociado a R$ 1.269,45/tonelada.

No mercado físico, os preços médios no Rio Grande do Sul mantiveram-se em R$ 70,08/saca. Em Santa Catarina, houve retração de 0,3%, com o cereal cotado a R$ 73,28/saca. Já no Paraná, a desvalorização foi mais expressiva, de 2,2%, para R$ 71,26/saca.

As cotações seguem pressionadas pelo avanço da colheita da nova safra, sobretudo no Paraná, somado à desvalorização do dólar frente ao real. Esse cenário tornou os vendedores mais ativos no mercado spot, enquanto os compradores permanecem retraídos. Os negócios permanecem pontuais e restritos a regiões com menor disponibilidade imediata. O elevado estoque de passagem, aliado à competitividade do trigo argentino, mantém o mercado interno suprido.

Além disso, a demanda por derivados, como farinha e farelo, também enfraqueceu. Moinhos bem estocados reduziram os preços para liberar espaço para a entrada da nova produção, reforçando a postura defensiva dos compradores.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o plantio da safra 2025/26 foi concluído em todo o país, com 13,8% da área já colhida até 14 de setembro.

No Paraná, a colheita ultrapassou 10% da área, enquanto no Rio Grande do Sul quase metade das lavouras encontra-se em fase reprodutiva, com boas condições gerais. As geadas recentes foram de baixa intensidade e não causaram danos significativos. O tempo seco, após as precipitações, favoreceu os trabalhos de campo e a aplicação de fungicidas, garantindo sanidade às plantações.

Em Santa Catarina, cerca de 80% das áreas permanecem em fase vegetativa, com o clima contribuindo para o potencial produtivo. Em São Paulo, aproximadamente 20% das lavouras já foram colhidas, enquanto o restante segue em maturação. Em Minas Gerais, a colheita avança em ritmo uniforme, com qualidade satisfatória.

Em Goiás, as operações se aproximam do fim. Já no Mato Grosso do Sul, o clima quente e seco acelerou a perda de umidade dos grãos, levantando preocupações com ventos que podem provocar debulha espontânea. Por outro lado, essa mesma condição, associada à previsão de chuvas, tem agilizado a colheita em áreas já no ponto ideal de corte.

No front externo, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, até a segunda semana de setembro (10 dias úteis), o Brasil importou 196,9 mil toneladas de trigo e centeio não moídos. O volume representa 33,3% do total adquirido em setembro do ano passado, quando o país importou 591,3 mil toneladas ao longo de 21 dias úteis.

Em 2024, ao longo de todo o ano, o Brasil importou 6,6 milhões de toneladas do cereal. Com isso, se as aquisições seguirem o ritmo dos últimos oito meses e da projeção para setembro até dezembro, as importações devem se aproximar das 7 milhões de toneladas, recorde na série histórica.

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