A Coamo Agroindustrial, maior cooperativa agrícola do Brasil, deverá levar para aprovação em assembleia de cooperados no próximo dia 13 o projeto da primeira usina de etanol exclusivamente de milho do Paraná, à medida que a empresa busca agregar valor aos produtos e colhe bons resultados em 2023.
A usina da Coamo poderia produzir 258 milhões de litros/ano de etanol e 180 mil toneladas/ano do coproduto do processamento DDG (do inglês, grãos secos de destilaria), usado na fabricação de ração, disse o presidente-executivo da cooperativa, Airton Galinari, em entrevista à Reuters nesta terça-feira.
A fábrica da Coamo poderia industrializar cerca de 20% do cereal recebido pela cooperativa, que projeta dois anos para a usina ficar pronta, destacou o executivo.
“A gente sempre busca a melhor remuneração para remunerar melhor o milho do cooperado. O objetivo da verticalização é sempre agregar valor ao produto básico”, afirmou Galinari, acrescentando que o valor do investimento será divulgado durante a assembleia na próxima semana.
O Paraná já conta com uma usina que usa milho e cana para produzir etanol — chamada de “flex” por trabalhar com as duas matérias-primas –, em Jandaia do Sul, mas a da Coamo seria a primeira do Estado exclusivamente a partir do cereal, disse Galinari. Tais projetos no Brasil são mais concentrados no Centro-Oeste, e estão colaborando para a ampliação da produção do biocombustível nacional.
“Vamos ter a assembleia para aprovação dos investimentos do triênio 2024 a 2026 no dia 13 de dezembro, e estes investimentos vão contemplar, se aprovados e devem ser, uma indústria de etanol de milho”, disse nesta terça, quando a cooperativa paga antecipação de parte das “sobras” aos cooperados, no valor de 230 milhões de reais.
Os investimentos da Coamo para o próximo triênio deverão contemplar ainda novas unidades, ampliações de instalações e modernização das indústrias, disse o presidente-executivo, que ressaltou que a cooperativa está inaugurando uma estação de pesquisa em Dourados (MS), onde serão feitos experimentos direcionados aos produtores cooperados de Mato Grosso do Sul.
Mas o projeto mais importante do novo plano de negócios será o do etanol de milho, afirmou o executivo.
A Coamo, com sede em Campo Mourão (Paraná) e atuação em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, já industrializa cerca de 40% da soja que recebe dos cooperados, e outros 35% do trigo. Neste ano, começou o processamento do milho em uma fábrica de ração.
A cooperativa deve fechar 2023 com receita entre 30 bilhões e 31 bilhões de reais, aumento de mais de 10% ante 2022, estimou o presidente-executivo, que lembrou que no ano passado os resultados sofreram impacto da quebra de safra.